Rodrigo Dias

Chegamos ao sétimo mês do ano, abrimos o segundo semestre, e a sensação que dá é que as coisas não caminharam. Não sei quanto a você, mas fico sem saber se nada andou de fato ou se querem incutir em nós a inércia.

Concordo que existem problemas sérios e que merecem atenção e resolução. Mas parece, também, que tem uma turminha interessada em pregar o caos. Roubos, crimes e desmandos sempre existiram por aqui e vai demorar um tempo para extirpar ou, ao menos, amenizar esses males da sociedade.

Certa vez me contaram sobre um camarada do tipo positivista. Ele tinha sempre um sorriso nos lábios e um bom dia para todos. A vida inteira foi prestativo, sempre presente. Há alguns anos descobriu que tinha uma doença grave. Assustou no início, mas optou por vencê-la vendo e vivendo a vida pelo seu lado mais leve.

Não, ele não é um cara iludido. Pelo contrário, é bem consciente da sua condição e dos seus riscos. Apenas optou por enfrentá-los de maneira que eles não o desgastassem mais. Sem se sentir moribundo, sofrível. Morto.

O Brasil, especialmente nestes primeiros meses do ano, me faz lembrar do caso deste sujeito. Há uma insistência em se optar pelo ruim, pelo negativo. Esta pauta macabra sai dos jornais, ganha nossos lares e rodas de conversa. Contamina a todos.

E os bons exemplos? As ações exitosas? Elas não existem? Creio que sim, mas seguem apagadas num mar de negativismos que invade nossas vidas todos os dias.

Compartilhar e dar visibilidade às boas experiências é fundamental num momento de crise como este. Mostrar que em meio ao caos existem ilhas de bom senso, de sobriedade e ética.

Tais exemplos não estão tão longe. Eles podem estar dentro de casa, ali na esquina ou aqui do lado. Sensibilizar o olhar para o que é bom e positivo é um passo importante para romper com momentos difíceis.

Talvez seja isto mesmo que falta: sensibilizar o olhar. Ver além dos problemas. Se sentir maior do que eles e seguir com o barco a despeito das ondas que se seguem. Uma hora o mar acalma e quem soube guiar o barco na tempestade terá mais condições de saborear os prazeres de um oceano tranquilo e que permite ver terras mais além.

Otimista, este camarada de quem me falaram estaria rindo agora. Fazendo uma daquelas suas piadas com mensagem subliminar enquanto se trata em um hospital. Diria ele:

– Não precisamos passar pela dor para crescermos como pessoa. Precisamos é passar pela vida.

Para ele, passar pela vida é viver o seu lado bom e ruim. E, independente da situação, manter-se perseverante e otimista. Mesmo com os dissabores que possam surgir.

Morreu feliz, consciente e sorridente. Vida que segue.