Preservação é uma das contrapartidas da empresa para a doação do terreno no bairro Icaraí
Os 11 mil m² de área ambiental que integram os 43 mil m² do terreno doado pela prefeitura de Divinópolis, no bairro Icaraí, serão de responsabilidade do Grupo ABC. No local, será construído o Centro de Produção, Distribuição e Logística. O dono da empresa, Waldemar Amaral confirmou, nesta segunda (04), que assumirá o trabalho de preservação.
O empresário participou de reunião com vereadores para elucidar a doação. Apesar do grupo receber 43 mil m² a área construída terá 15 mil m². A Área de Preservação Permanente (APP) às margens do Rio Pará será preservada. Além, disso os projetos ainda irão tramitar nos órgãos competentes, incluindo os ambientais para aprovação.
O caso ganhou repercussão após dois ambientalistas denunciarem o projeto aprovado pelos vereadores ao Ministério Público (MP). O órgão tomou as providências e pediu informações à prefeitura para verificar se está dentro da legalidade. Na mesma semana, o Grupo ABC se manifestou dizendo que não dará sequência ao empreendimento se houver impedimento legais.
“Queremos, se for de agrado e se for correto, se tiver alguma coisa de incorreto nós nem queremos fazer isso”, afirmou Amaral sobre a construção.
Serão investidos cerca de R$16,7 milhões pela empresa. Estão previstos 300 empregos diretos com o funcionamento e 200 na construção. O Centro de Distribuição irá atender todas as lojas do estado. No local, irá funcionar padaria, açougue, hortifruti, para citar alguns. A previsão é de ser concluído em dois ano a partir do início das obras.
Fake news
A doação somada à denúncia serviram de munição para alimentar fake news. Ao longo da semana o assunto esquentou as redes sociais que deram viés diferentes ao caso. O empresário tratou as notícias falsas como “coisas naturais de gente que está desocupada”.
“E não tem muito o que fazer e inventa para criar polêmica por algum interesse particular”, completou.
Contrapartidas
Os detalhes sobre a área ambiental foram listados no projeto a pedido do relator, o vereador Eduardo Print Jr. (SD). Inicialmente, elas não constavam na matéria assim como as contrapartidas. Print contestou as denúncias feitas e rebateu a informação de funcionava o horto no local.
“Se levantar na história de Divinópolis, lá era uma área que cultivava algumas árvores, mas o horto funcionava no Gafanhoto”, afirmou.
Print ressaltou que o recolhimento de animais funcionou por um tempo no local, mas foi transferido este ano para uma região mais central para facilitar a retirada. Já o papel do horto ficou com a Sala Verde, hoje ativa no Parque da Ilha.
O vereador aproveitou e questionou a idoneidade de um dos denunciantes. José Nilton Teodoro ocupou gerência na Secretaria de Meio Ambiente por dois anos.
“O que me chama atenção é que um dos denunciantes participou do governo e agora volta com o canhão. Será que ele está preocupado mesmo com o Meio Ambiente? Porque ele não preocupou com o horto enquanto ele esteve lá?”, indagou.
Raio X
Hoje, o ABC emprega 5,7 mil trabalhadores em todo o grupo, incluindo postos de combustíveis, farmácias. Só em Divinópolis são 1,6 mil, sendo 400 no setor administrativo. Do pessoal empregado, 17% nunca havia trabalhado – o número não inclui o jovem aprendiz que corresponde a 5%; 10% são trabalhadores acima de 40 anos; 14,7% estavam há dois anos desempregado; 5% para pessoas com deficiência.
O presidente da câmara, Rodrigo Kaboja (PSL) destacou a dificuldade de se investir em Divinópolis e o empenho do ABC em manter o empreendimento na cidade.
“Quem quer investir em Divinópolis? Aqui não tem incentivo. Outras cidades, como Carmo do Cajuru, Uberaba, Uberlândia dão. O ABC começou sua história em Divinópolis”, comentou.