Ela é temida pela maioria dos candidatos (basta ver os resultados anteriores) a uma vaga nas universidades e ao mesmo tempo capaz de fazer a diferença no resultado final do Enem. Como vale muitos pontos,  na média geral uma boa pontuação pode ser o seu diferencial competitivo. Mas como ir bem na redação do Enem? Há segredos?

talita (1)

Segredos não têm, pois o próprio Ministério da Educação (MEC) elaborou uma cartilha que esclarece como a redação da prova deve ser. Tem treino, o que você deve, ou devia ter feito, o ano inteiro. Mas lembrar pontos essenciais agora, na reta final, pode ajudar:

1.       Trata-se de um texto dissertativo-argumentativo: aquele que o candidato tem que dar argumentos, convincentes e coerentes com o tema, além de todo restante da redação. A fuga do assunto pedido custa um zero bem redondo e a eliminação em uma disputa por bolsa ou vaga nas universidades públicas.

2.        A estrutura do texto dissertativo-argumentativo:

A.      Apresentação do tema: vem na introdução, mas não precisa fazer rodeios para passar ao ponto adiante,  a tese

B.      Tese: ponto de vista defendido pelo candidato, apresente-o logo e de forma firme

C.      Desenvolvimento: trecho no qual você mostrará os argumentos que validam a tese, com exemplos, estatísticas, fatos, etc.

D.      Soluções para o problema: mais do que saber o que o candidato pensa, os avaliadores querem saber como ele pensa que a problemática tema da redação pode ser resolvida. No último parágrafo, é importante apontar caminhos, sempre de forma coerente com o restante do que foi dito. Não importa se o corretor concorda ou não, ele vai avaliar se você conseguiu sustentar o que pensa, os seus argumentos até o final.

Veja só as palavras do Mec sobre a estrutura:

estrutura-redacao-enem-segundo-o-mec

3.       Domínio da língua portuguesa: a competência, uma das cinco avaliadas, vale 200 pontos. Até sábado, data da prova, não dá tempo de correr atrás do prejuízo. Mas no dia, leia atentamente sua redação antes de passá-la a limpo para evitar erros bobos, porém que custam alguns pontinhos. Leia algumas dicas rápidas que já foram apresentadas nesta coluna também.

4.       Dicas para construir a argumentação: os argumentos devem ser claros e convincentes, o que não quer dizer que você precise ter referências rebuscadas demais, e tiver, ok. Porém, lembra aquele filme bacana que discutia a temática e você assistiu? E um exemplo que ocorreu na sua rua? Eles são tão válidos quanto as estatísticas mostradas nos jornais. Outro ponto: usar elementos de ligação, que mostrem a relação de um argumento com seu ponto de vista é outro critério avaliado.

Exemplo:

Ao mesmo tempo que as pessoas reclamam da seca, muitas não mudam hábitos de consumo – varrem as calçadas com água, não deixam de encher a piscina mesmo sem a utilizar por semanas, como é comum ver nas ruas e casas de todo país. Assim, não pode-se atribuir os problemas de escassez dos recursos hídricos apenas ao governo ou à natureza. O problema atinge a todos e ninguém está isento da responsabilidade de fazer o que pode para diminuir o impacto.   

Observe que foram usados elementos muito simples para dar sustentação aos argumentos para falar de quem é a culpa pela falta d’água e o trecho está bem encadeado, principalmente com o uso da expressão assim.

5.       Respeite os direitos humanos ao apontar soluções: parece um pouco óbvio, mas o que tenho visto nas ruas e redes sociais é gente cheia de argumentos que “justificam” medidas desumanas para os problemas do mundo. Dessa forma, nada de dizer que “se criança pode roubar, ela pode ir presa também”, por exemplo, mesmo que o tema seja menores infratores e você a favor de que eles fiquem presos. É melhor falar, se seu ponto de vista for favorável à prisão: “Crianças e adolescentes deveriam ser presas quando cometem crimes, em um sistema que favoreça a recuperação dos menores infratores. Em um espaço que ficariam detidos, mas que também pudessem continuar os estudos, aprendessem uma profissão, onde não houvesse espaço para a ociososidade, com tempo para conhecer mais técnicas criminosas”.

6.       Curiosidade: o título é opcional, sabia?

7.       Kepp calm and escreva com caneta preta: nada de pensar que redação é o fim do mundo. Fique calmo, pense em tudo que aprendeu até o dia do exame, na sua bagagem cultural, nela você encontrará bons argumentos, com certeza. Escrevá-os de caneta preta, transparente, como mandam as regras do Enem.