Os pais precisam saber dizer não (Foto: Divulgação)

Anderson Gonçalves

Os pais precisam saber dizer não (Foto: Divulgação)

Os pais precisam saber dizer não (Foto: Divulgação)

Quando o assunto é finanças, a maioria dos pais não sabe como educar financeiramente seus filhos. Segundo a pesquisa feita pelo Bolso Feliz (SPC) mais de 81% dos pais reconhecem que cedem às pressões dos filhos para comprar algum produto (brinquedo, eletrônico, roupa, etc).

Lidar com o dinheiro não é uma tarefa fácil para os adultos e quando é com os filhos a dificuldade fica ainda maior; os pais precisam saber dizer não quando o filho faz alguma birra para comprar algum brinquedo. O problema é que os exemplos dos pais atualmente não são os melhores para seus filhos, no mês de abril de 2015 subiu para 61,9% o número de adultos endividados e mais de 57 milhões de brasileiros ainda continuam inadimplentes (sem condições de pagar suas dívidas) e esse número tende a aumentar nos próximos meses.

Lembre-se: exemplo; seja na escola ou em casa ensina mais do que mil palavras!

Nas últimas décadas a estrutura familiar passou por muitas mudanças e chega o momento das famílias reverem essa situação. O homem naturalmente e culturalmente sempre foi o mantenedor da família; mas nos dias de hoje a mulher está saindo cada vez mais cedo para trabalhar, e juntos conseguirem arcar com o orçamento familiar que cada dia fica mais apertado (aumento de energia elétrica, água, gasolina, alimentos e tantos outros). Saber dizer não para os filhos quando a consciência aperta é uma situação que nenhum pai ou mãe deseja passar, e nesse caso não podem ter dó da criança, é preciso educá-la financeiramente.

Segundo os dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) 61,6% das famílias brasileiras estão endividadas – abril de 2015 – e mais de 57 milhões de brasileiros adultos ainda estão inadimplentes (sem condições de pagar suas contas).

O ser humano tem uma predisposição para resolver de imediato uma situação de desconforto e diante dos pedidos dos filhos para a compra de um brinquedo ou eletrônico, há uma tendência natural de ceder, muitas vezes para evitar conflitos, ou recompensar a ausência dos pais no dia a dia dos filhos.

Se os pais cederem a todos os desejos dos filhos, estão privando-os de descobrirem novas estratégias que eles poderiam utilizar para lidarem com ansiedade e dificuldades para a realização de sonhos de curto, médio e longo prazo. Em geral as pessoas não conseguem controlar seus desejos, entretanto quando as decisões são tomadas de forma racional, passando em termos de perdas e ganhos, pode-se tomar uma decisão mais viável economicamente. Se não fossem nossos desejos, ainda estaríamos vivendo nas cavernas, a evolução é produto do desejo, e não de nossas necessidades.

Ainda segundo a pesquisa do Bolso feliz, 88% dos pais acreditam importante dar educação financeira aos filhos. A escola onde seu (a) filho(a) estuda desenvolve um programa contínuo de educação financeira?

É de vital importância que os professores, pais e alunos entendam que educação financeira é uma ciência ligada ao comportamento e não uma ciência exata como muitos erroneamente acreditam. Além desse novo conceito, uma das barreiras em relação ao ensino da educação financeira dos filhos vem dos próprios pais, que não estão dando bons exemplos. Crescendo cada vez mais o número de adultos endividados e inadimplentes, esse se torna um péssimo exemplo para os filhos que se espelham nos pais, parentes, professores e amigos.

Outro dado preocupante é que 57% das famílias não discutem gastos com os filhos, e a maior frequência acontece nas famílias com menos instrução.

Quando os pais não têm bons hábitos financeiros, nem acesso à educação financeira torna-se uma tarefa difícil ajudar seus filhos a se educarem financeiramente, e nesse caso a escola deve atuar com parceira, nas seguintes ações:

– educar financeiramente os professores;

-educar financeiramente os alunos;

-educar financeiramente os pais;

Somente trabalhando nessa tríade, conseguiremos erradicar o analfabetismo financeiro que assombra a maioria dos brasileiros. A educação financeira já deveria ser uma disciplina na grade curricular de todas as escolas do Brasil, como foi proposta pelo governo federal ao criar a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira) em 2009, mas até hoje sem votação no senado. Na contra mão do governo algumas escolas da rede privada estão investindo na educação financeira e já conseguem enxergar que hoje é uma necessidade para o ser humano saber como se relacionar com os recursos que temos no planeta, seja renovável ou não; e o dinheiro está entre os recursos importantes que devemos saber preservar, poupar e investir.


 

Dicas para os pais iniciarem um processo de educação financeira:

1. Fazer um diagnóstico financeiro anualmente

2. Ter no mínimo três sonhos (curto, médio e longo prazos)

3. Elaborar um Orçamento Financeiro mensal que priorize seus sonhos

4. Poupar mensalmente parte do que ganha para os sonhos

5. Ter limites de cartão de crédito inferiores a seus rendimentos (50% dos seus rendimentos);

6. Não usar cheque especial, se possível nem ter

7. Manter reservas para situações emergenciais

8. Distinguir o que é essencial do supérfluo

9. Comprar sempre à vista e com desconto

10. Escolha uma escola onde tem educação financeira para matricular seu filho, isso é investimento!


 

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anderson.goncalves@dsop.com.br

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