Foto: Arquivo Pessoal

Na última semana, caro leitor e leitora, o Brasil foi bombardeado por mentiras e desinformação. Tivemos políticos vindo a público dizer que eram contra a Instrução Normativa da Receita Federal nº 2219/2024, aquela sobre os bancos informarem à Receita sobre os PIX com valores de R$ 5.000,00 (para pessoa física) e R$ 15.000 (para pessoa jurídica).

Convenhamos que essa medida não seria tomada à toa: era mais uma desesperada forma de arrecadar a qualquer custo sobre a classe média e maquiar isso como combate à sonegação. Os oportunistas, até perto de nós mesmo, como os Azevedo, aproveitaram.

Recentemente, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), fez um vídeo dizendo que propôs um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para suspender essa medida, dizendo que o PIX seria taxado. Seu irmão quase gêmeo, mas idêntico nas palhaçadas, o deputado estadual Eduardo Azevedo (PL), fez um vídeo com a mesma coisa, no qual fingia comprar picolé e o vendedor não quis lhe vender por PIX. Para lá de exagerado também, esses senhores, acredito eu, não leram a instrução normativa e nem as informações passadas pelo governo.

Tão demagógico como eles, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) fez um vídeo colocando em contraponto o monitoramento do PIX com os gastos sigilosos do cartão corporativo de Lula e Janja, fortalecendo também o questionamento “se era bom para o povo, por que revogaram a norma?”. No entanto, reconheço que ele teve uma capacidade que falta a muitos políticos sérios e do campo progressista: capacidade de comunicação – o vídeo atingiu, nesse momento, mais de 230 milhões de visualizações.

Recapitulando: conforme mencionado anteriormente, no artigo 15 da instrução normativa, era falado que os bancos comunicariam à Receita Federal as movimentações por PIX com valores acima de R$ 5.000,00 para pessoa física e R$ 15.000,00 para pessoa jurídica. Apesar de movimentações como “cartões de crédito que você empresta para outra pessoa” já serem monitoradas desde 2003, o povo entrou em pânico. Afinal, quem movimenta acima de R$ 5.000,00 está longe de ser rico e não é sobre eles que o governo, ao obrigar a pagar imposto de renda (já que pode não ser lucro), deve tirar a diferença para fechar suas contas.

Incêndio generalizado

O que o governo achou que seria um incêndio abafado e sob controle, se tornou generalizado – não se falava em outra coisa até que a norma fosse revogada. No entanto, o que mais me preocupa é como o debate público está sendo enfraquecido no Brasil. O governo, com suas trapalhadas, desmoraliza o ajuste fiscal tão necessário para o país e perde a credibilidade com a esmagadora maioria do povo, que é quem ganha menos.

Vendo isso, políticos oportunistas como Nikolas e Cleitinho disparam incessantes conteúdos sensacionalistas e tendenciosos. Vira um circo: os palhaços saem de cena e todos somos espectadores do Brasil andando sobre uma corda muito fina e prestes a cair a qualquer momento.

Portanto, o que venho passar a você, caro leitor e leitora, é um conselho. Em situações assim, consulte profissionais especializados, sites oficiais e tome cuidado com o que você recebe nas redes sociais e, sobretudo, de políticos tendenciosos. Uma informação falsa pode prejudicar muita gente, inclusive você.

O governo, se quiser salvar sua credibilidade, terá de repensar sua responsabilidade quanto à fonte dos recursos e sua capacidade de gastar o que se tem. Quanto aos políticos que mencionei, vão trabalhar! Há muito a fazer por Minas e pelo Brasil!

*Laiz Soares escreve semanalmente neste espaço.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do PORTAL GERAIS.