“Tentar colocar panos quentes para tamanha incompetência é ignorar quem chora a dor do luto, o leito improvisado, a espera interminável”
Se a UTI é para pacientes, em Divinópolis, inverteu-se o papel e quem está em estado gravíssimo é a própria saúde. Politizar a ponto de minimizar o caos é injusto com milhares de pessoas que dependem exclusivamente da saúde pública.
Não é de agora e nem de hoje. A saúde é o calcanhar de Aquiles do atual governo, assim como de outros. Da atenção primária à urgência. Um efeito dominó provocado e aguçado pela má gestão ou falta dela.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na verdade, nada mais é do que “o ponto final”. Sem a quem recorrer ou para onde ir, o paciente amarga a ineficiência pública em leitos improvisados onde não deveria ficar mais do que 24 horas.
Ao invés de tentar compreender o problema e resolvê-lo na raiz, a atual gestão tem adotado algo similar ao “carçamento da saúde” – marca registrada. Já que não dá para tacar massa asfáltica, levantam paredes, pintam outras e criam a falsa sensação de ampliação da cobertura da atenção primária.
Quantidade nunca foi sinônimo de qualidade. Se algo tem ficado claro é que inaugurar imóveis com mesa e cadeira – dando o nome de posto de saúde – não resolve o problema. Saúde não se improvisa, não se politiza, não se brinca.
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Saúde de Divinópolis: atenção primária e secundária
O desafogamento da UPA pode estar em uma atenção primária estruturada e resolutiva, bem como na atenção secundária, ou seja, no atendimento especializado. Contudo, os pacientes enfrentam falta de médicos e longas esperas.
Saúde não é tema e nem trilha sonora para vídeo de TikTok. Não é para gestor amador. É assunto para ser tratado seriamente – juntamente com os órgãos de controle – está aí o Conselho Municipal de Saúde, por um longo período subestimado e ignorado – a partir de um planejamento eficiente de políticas públicas e aplicação de recurso.
Tão importante quanto o Executivo compreender, são os vereadores. Tentar colocar panos quentes para tamanha incompetência é ignorar quem chora a dor do luto, quem amarga a espera em leitos improvisados ou que vê a situação se agravar na fila por atendimento especializado.
É perverso ouvir as justificativas da Comissão de Saúde da câmara em meio a um silêncio tímido diante de tamanha crise. Cada vereador também tem sua parcela de responsabilidade. Se estão cobrando, está pouco. Se estão fiscalizando, não está resolvendo. Isso vale principalmente para a base que preside boa parte das comissões.
A gravidade da saúde não se resume aos últimos acontecimentos. Então, não minimizem a ponto de dizer que “estamos cobrando”. Quem cobra desesperadamente é a população, o restante é eleito para resolver.
Isso vale para deputados estaduais, federal, senador. Para que tanta representatividade sem resultados? Uma família na política?
E aos pré-candidatos, fica o aviso: não surfem na dor alheia, tragam soluções para por fim a ela. Se fosse fácil, a saúde de Divinópolis não estaria doente.