Amanda Quintiliano
Não será fácil para o vereador Adair Otaviano (PMDB) conseguir assinaturas suficientes para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar possíveis irregularidades cometidas pelo prefeito Vladimir Azevedo (PSDB). Até agora, o parlamentar conta, oficialmente, apenas com a dele e com a do vereador Hilton de Aguiar (PMDB).
Outros prováveis apoiadores seriam Edimilson Andrade (PT) e Anderson Saleme (PR). Mesmo assim, ficarão faltando dois nomes para viabilizar a CPI. Pelo regimento interno são necessárias seis assinaturas. Apesar do tom de oposição usado por alguns vereadores, a maior parte se esquiva para não envolver em questões polêmicas. O próprio Saleme estaria evitando assinar o pedido.
A CPI seria reflexo de um trabalho desenvolvimento pela Frente Popular Compromisso com Divinópolis. Na última terça-feira (06), o movimento entregou a Adair 15 cadernos com 100 páginas cada um contendo várias denúncias contra o prefeito. Também foi protocolado um livro com 11.051 assinaturas recolhidas em um abaixo assinado. Nenhum foi considerado pela presidência.
A Frente Popular pede a abertura urgente de uma CPI para investigar as denúncias contra a administração municipal desde o primeiro mandato de Vladimir; a cassação dele; e suspensão dos direitos políticos dele e dos assessores envolvidos, caso as irregularidades sejam confirmadas e comprovadas pela comissão.
Em posse desses documentos Adair ainda estudará página por página para conseguir retirar fatos concretos que justifiquem a CPI. O vereador disse que algumas denúncias são concretas, por exemplo, a que acusa a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) a forjar dados para receber mais recursos do governo federal.
“Mas precisamos estudar para fazer algo certo que justifique essa CPI. Já conversei com o PMDB e o partido quer que ela seja instaurada. Vamos elaborar esse documento e correr atrás das assinaturas”, disse Adair, completando que a ideia é dar mais força a CPI com a união de partidos. Fala-se no PMDB, PT e PR.
Denúncias
De acordo com o ofício encaminhado junto com o levantamento feito pelo movimento, o prefeito teria cometido improbidade administrativa e crime de responsabilidade fiscal ao firmar o contrato com a Copasa. Outra irregularidade seria a compra do prédio da Faced onde funcionará a nova sede da prefeitura. Para os integrantes da frente popular, o terreno já era do município.
Eles ainda acusam o governo de desviar dinheiro do Diviprev para socorrer o caixa geral da prefeitura.
De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, por enquanto eles não irão se manifestar sobre o assunto.
Inválido
O líder do governo da câmara, Eduardo Print Jr (Solidariedade) disse ainda não ter tomado conhecimento do teor dos documentos e tratou como inválido a entrega deles ao presidente da Câmara. Segundo Eduardo, o presidente só pode receber com a assinatura dos seis vereadores.
“Achei dele um pouco equivocado. Primeira coisa que ele precisa ter é o fato concreto e outra coisa você precisa ter seis assinaturas. Ele foi precipitado na fala, ele devia ter estudado mais. Imagino que ele não tenha lido tudo aquilo já. Tem 16 anos que ele tá no parlamento e ele conhece o tramite. O presidente não podia nem ter recebido, mas como era o Marcos Vinícius que estava lá ele recebeu e agora o Kaboja vai devolver porque ele não pode receber o documentos sem a assinaturas, é inválido”, disse.
Kaboja confirmou a devolução dos documentos a Adair.
“É totalmente irregular e no meu ponto de vista é um oportunismo eleitoral e o regimento é claro: não se cria CPI com iniciativa popular é preciso ter seis assinaturas”, afirmou.