Anselmo foi conduzido para a delegacia após batida policial em um bar de Divinópolis; Ele questiona postura dos militares ao saberem que ele era filho de juiz

O advogado Anselmo Alves de Carvalho Junior foi conduzido a delegacia, nesta sexta (03), pela Polícia Militar, durante a operação “Fecha Batalhão”, em Divinópolis. Em desabafo nas redes sociais, ele relatou ter sido agredido e acusou os militares de “abuso de autoridade”. Apesar da condução, nenhuma ocorrência foi registrada contra ele.

Filho de juiz, ele estava em um bar alvo da ação dos policiais. Entre a noite de sexta (03) e madrugada de sábado (04) 324 pessoas foram abordadas e três presas.

Na postagem, Alves contou que estava do lado de fora do bar quando seis policiais chegaram em quatro viaturas, de forma agressiva, e realizaram a batida.

“Durante a ação, dois policiais, sem qualquer motivo, sem resistência de qualquer dos presentes e sem qualquer risco, sacaram as armas em direção aos clientes do bar”, contou.

Foi quando, o advogado teria questionado os policiais sobre o motivo da arma.

“Me dirigi a outro Policial e o pedi que acalmasse aquele que estava mais exaltado, mas fui ignorado”.

Leia na íntegra o desabafo:

https://www.facebook.com/anselmoalvesc/posts/2151938048222890

A agressão

Logo após, ele e outras sete pessoas entraram no bar. Ele sentou em uma mesa com os amigos quando três policiais entraram e começaram o agredir.

“Um deles torceu meu braço esquerdo para trás e tentou quebrá-lo. Logo após, um policial me agarrou meu braço direito, e um foi por trás e me algemou o mais forte possível, o que acabou deixando hematomas nos meus pulsos”, relatou alegando não ter resistido a prisão.

O advogado disse que os militares se recusaram a dizer o motivo da prisão e não o permitiu apresentar nem mesmo os documentos pessoais.

A prisão

Já na delegacia, os policiais decidiram registrar a ocorrência como desobediência, segundo Alves.

“Me colocaram em pé, de frente para uma parede, algemado. Assim que me identificaram e viram que era advogado, retiraram as algemas e não me colocaram na cela, me mandaram sentar. Como um passe de mágica, passaram a ter educação, a dizer por favor e obrigado”.

Amigos comunicaram a família do advogado sobre o fato. O pai dele, acompanhado de outro advogado foi até a delegacia. Devido a formação, também era necessário a presença de um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Após o juiz e o advogado chegarem, a ocorrência não foi registrada. No desabafo, Alves ainda relatou a mudança de postura dos militares com a presença do pai dele. O advogado assinou somente um Termo de Compromisso de Agendamento.

“Poderia não expor tal fato aqui, mas diante do momento que vivemos, acho extremamente importante que eu o faça. Porque eu posso, não porque eu seja melhor que qualquer outra pessoa, não sou, mas por causa das minhas condições pessoais. Porque sou branco, de classe média alta, advogado e sou filho de um juiz. Porque a educação dos policiais não pode aparecer só para aqueles que podem fazer algo. Apenas imaginem se fosse pobre, negro e favelado. Se não tivesse ninguém olhando por mim. O que poderia ter acontecido? Talvez 80 tiros, como acabamos de ver”, desabafou.

Medidas

Alves disse que irá registrar notícia de fato e também irá tomar medidas junto ao Ministério Público contra os policiais envolvidos no caso. Irá também acionar civilmente os responsáveis para que sejam obrigados a pagar indenização. Representará, perante a Corregedoria de Polícia. Por fim, irá requisitar uma manifestação oficial da OAB.

“Vou atrás dos responsáveis. Eles não podem achar que podem fazer este tipo de coisa e ficar tudo bem, sem consequências. Porque quanto mais fizerem isto e nos calarmos, mais eles irão se sentir legitimados a fazer este tipo de coisa. Não dá pra deixar passar”.

A polícia

Em nota a polícia disse que a “PMMG é e sempre foi isenta quanto a preferências políticas e partidárias, agindo dentro da legalidade, imparcialidade e impessoalidade”.

“Quanto ao texto que nos chega sem a assinatura e com nomes de policiais militares inexistentes em nossa cidade, aguardamos a denúncia formal para abertura de procedimento apuratório”, afirmou.

No relato, o advogado cita o nome de três policiais: Figueiredo, Vidal e Maia. Dois já tiveram os nomes completos levantados por ele. Mais informações devem ser levantadas a partir da reunião com a OAB. Outras provas também serão colhidas, como a filmagem da câmera de segurança do bar. 

OAB

Ao PORTAL o presidente da OAB, Manoel Brandão disse que irá se encontrar com a vítima nesta terça (07) para entender melhor o que ocorreu e depois se manifestar. Antecipou que a OAB é contra qualquer tipo de arbitrariedade e excessos por parte da Polícia Militar.