Júlia Sbampato
Ao passar pela ponte do bairro Niterói, em Divinópolis, é possível ainda perceber o grande número de aguapés acumulados no rio, mesmo onze dias após a Prefeitura de Divinópolis anunciar a retirada. As plantas concentradas perto do “Pontilhão” foram empurradas rio abaixo pela equipe responsável pela limpeza.
O processo de retirada está acontecendo aos poucos próximo ao Recanto dos Rouxinóis, no bairro Porto Velho, que sofreu com uma proliferação acentuada das plantas. Para facilitar o trabalho, a equipe empurra os aguapés até a região do Niterói onde deverão ser retirados.
O trabalho deve continuar sem prazo de conclusão, por ser um processo que precisa ser constante. Ao mesmo tempo em que eles fazem a retirada, vários outros aguapés nascem no local, e a proliferação é rápida.
Segundo o biólogo Claudemir Cunha, os aguapés são uma das espécies de plantas aquáticas e são considerados um indicativo de poluição, pois surgem nos rios ou lagos como instrumento de purificação das águas.
Mas apesar de exercer papel importante na filtração de poluentes, quando começa a proliferar, ele desenvolve o efeito tapete, que tampa as margens e gera uma situação oposta e aquilo que era pra ser benéfico se torna um malefício. Ao tampar a superfície da água, impede que a luz solar entre em contato com as algas, micro-organismos responsáveis pela oxigenação da água, que necessitam da luz para agir.
Atualmente, em Divinópolis, todo o esgoto é despejado no rio diretamente, sem nenhum tipo de tratamento, e para Cunha pode ser considerado um dos agravantes principais para o aparecimento das plantas.
“De nada adianta fazer a retirada dos aguapés se continuarem jogando o esgoto in natura no rio, pois, como o esgoto é alimento para os aguapés, eles irão continuar surgindo e o trabalho paliativo de retirar as plantas nunca irá acabar”, comenta.
Em Divinópolis, a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) começou a ser iniciada este ano, mas poucas semanas depois foi paralisada. A obra era para ter sido concluída, conforme cronograma original, em dezembro do ano passado, mas a Copasa ganhou mais dois anos para finaliza-la.
Carmo do Cajuru
Em Carmo do Cajuru, a Prefeitura iniciou neste domingo (23) a retirada dos aguapés no Rio Pará. A etapa inicial prevê a limpeza do Centro Recreativo Municipal “Prainha” até a Usina da FITEDI, num volume total previsto de 15 mil m³ (1.250 caminhões). O trabalho de retirada das plantas será custeado pelo Município e o investimento gira em torno de R$ 30 mil reais
No processo, as plantas são puxadas até a margem do rio para que uma retroescavadeira faça a coleta. As plantas serão levadas para o aterro da cidade, onde será feita a compostagem do material.
Segundo a empresa responsável, a Translagam, serão retirados entre 30 a 40 caminhões de aguapés por dia. A previsão de tempo da etapa inicial é de aproximadamente cinco semanas.