Anderson Gonçalves
Dentre vários tipos de analfabetismo ainda presentes no Brasil, existe um que preocupa um pouco mais: trata-se do analfabetismo financeiro.
Alguns anos, quando o crédito estava muito fácil e a inflação relativamente baixa, não havia tanta preocupação com o analfabetismo financeiro, afinal a economia estava em crescimento. E agora, com tantas mudanças no cenário econômico, será que é importante aprender sobre educação financeira?
A resposta é sim, para antes e ainda mais para os dias atuais. Não importa como anda a economia, você sempre deve evoluir em sua educação financeira e saber como lidar de forma consciente com o dinheiro que entra e sai da sua vida.
No Brasil, complicamos tanto as coisas simples, que a maioria das pessoas não conseguem definir o que é educação financeira, e se perguntados trazem jargões e frases prontas, que expressa pouco ou nenhum conhecimento sobre esse assunto tão importante na vida de todos nós.
Muitas dessas pessoas pesam que a educação financeira é fazer investimentos (em ações), estudar de forma profunda o mercado financeiro e seus produtos, fazer controle rigoroso das finanças para não entrar em endividamento. Isso faz parte das habilidades de uma pessoa educada financeiramente, mas não é a essência. Alguns chegam a confundir educação financeira com Matemática Financeira, ai o abismo é maior, pois estamos falando de comportamentos, hábitos e costumes.
De forma simples, mas sem perder o foco, os pilares da educação financeira tem como objetivo auxiliar as pessoas a adquirirem bons hábitos financeiros para que possam realizar seus sonhos, seja oriundos de famílias de rendas mais baixas, ou de famílias com mais recursos financeiros. Portanto a educação financeira está pautada em um estudo do comportamento do ser humano, com suas emoções e crenças sobre o dinheiro.
Em 2010, o governo sinalizou certa preocupação com esse tema, criando a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira) que entre outras coisas, instituiu que fosse incluído no currículo do ensino básico (da educação infantil ao ensino médio) a disciplina de educação financeira. Próximo de completar cinco anos da criação desse projeto de lei, poucas ações por parte do governo foram feitas, mas percebe-se uma necessidade de se educar financeiramente crianças, jovens e adultos. Mas temos pela frente um longo caminhos a percorrer, inicialmente para superar o estigma de que educação financeira está relacionada à ciências exatas, quando, na verdade estamos falando de comportamento, hábitos e costumes, e depois para colocar em cada sala de aula a disciplina de educação financeira.
Para combater o analfabetismo que vem se arrastando desde a descoberta do Brasil, não basta apenas um projeto de lei (que ainda não virou lei), mas sim ações concretas de todas as esferas educacionais, como um instrumentos para o desenvolvimento da população e de estabilidade econômica, sendo necessário um apoio complementar das famílias, educadores e escolas.
A educação financeira deve sim, ser uma disciplina dentro da grade curricular das escolas e faculdades. Muitas escolas de forma proativa já vem inovando e atentos à essa necessidade já colocaram a disciplina de educação financeira para seus alunos. A escola onde seu filho estuda possui a disciplina de educação financeira?
Se estamos querendo educar financeiramente um pais, então devemos começar na escola.
Vamos juntos combater o analfabetismo financeiro, você pode começar com pequenas atitudes que no fim de um, dois, três meses podem fazer uma diferença enorme no seu bolso. Ao sair para fazer compras, sempre peça descontos, compare produtos e serviços buscando o melhor custo/benefício, prefira pagar sempre à vista, controle suas despesas, evite o desperdício que atualmente chega a quase 30% em nossas casas, viva o hoje, mas planeje seu futuro, mantenha sempre reservas para imprevistos, invite as compras por impulso e fuja das armadilhas das lojas. Além disso cumpra seu papel de cidadão, exigindo sempre nota fiscal, informando-se do direitos do consumidor, lendo na íntegra os contratos antes de assinar e guarde em local seguro as garantias dos produtos. São pequenas atitudes que podem ajudar a ter ganhos financeiros e são importantes no processo de você de tornar educado financeiramente e ajudar a acabar com a triste realidade de um Brasil analfabeto financeiramente.
Tem alguma dúvida sobre educação financeira (investimentos, dívidas, financiamentos, etc)?
Mande sua dúvida para meu e-mail anderson.goncalves@dsop.com.br que terei o maior prazer de responder aqui na minha coluna do Portal Centro Oeste.