Conjuntos habitacionais sem infraestrutura, superlotação de presídios, gargalos ambientais foram lembrados por Dom José Carlos como problemas que precisam de um olhar especial
Com o tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” começou nesta quarta-feira (26) a campanha da fraternidade 2020. Com o foco na vida, ela tem como lema a compaixão. Durante a apresentação, nesta quarta-feira (26), o bispo da diocese de Divinópolis, dom José Carlos, destacou a importância de despertar o sentimento para lidar com o outro e também com os problemas sociais e estruturais.
A campanha quer despertar no coração humano a importância de olhar para o outro. O lema já fala por si: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.
“Queremos despertar no coração humano aquilo que está lá dentro, que todo ser humano é capaz de amar, de sensibilidade, isso é algo nosso, só que isso foi se obscurecendo”, destacou o bispo.
A proposta é romper a barreira do individualismo.
“É como se a gente fosse se tornando impermeável diante da necessidade de compadecer, de fazer alguma coisa pelos outros. A gente foi entrando no ritmo de vida em que cada um pensa em si, preocupado com suas coisas, como se o mundo fosse ele. O que queremos é despertar o sentimento de olhar para fora e perceber que há muitas situações que demandam a nossa ajuda e nosso querer. Mesmo que eu não posso tudo, mas é bem verdade que alguma coisa eu posso”, declarou.
Questões políticas
Com cunho também voltado para as questões políticas, o bispo chamou a atenção dos governantes. Citou problemas estruturantes de Divinópolis, como os conjuntos habitacionais criados sem nenhuma infraestrutura.
“De repente não havia nada naquele lugar e com o passar do tempo estão ali, 500 casas, 800 casas, sem infraestrutura, sem escola, sem posto de saúde, sem posto policial. Ali pra mim é um lugar importante de presença. Ali para mim é necessário que houvesse compaixão para ajudar aquela comunidade”, analisou.
Dom José Carlos também mencionou o crescimento da população em situação de rua; a superlotação de presídios das cidades que integram a diocese; crianças e adolescentes em vulnerabilidade social; automutilação; aumento do suicídio entre jovens e idosos; problemas ambientais como os rios Pará e Itapecerica.
“O político seja da esfera municipal, estadual ou federal, ele tem diante de si recursos, possibilidade, capacidade de intervenção maiores do que o individuou que está ali no único lugar definido de poder ou não fazer algo. A gente precisa, de fato, criar uma mentalidade de que os políticos tomassem a peito essa tarefa de exercitarem na compaixão, mas uma compaixão que tenha prioridades”, afirmou.
O bispo usará a tribuna livre da Câmara de Divinópolis desta quinta-feira (27).
Assista a entrevista completa: