Um jovem, de 17 anos, deu entrada na UPA, com sintomas de infarto e não conseguiu atendimento; Osmar Santos (PROS) discutiu com médicos, foi detido e liberado
Marcelo Lopes
O vereador de Nova Serrana, Osmar Fernandes dos Santos (PROS) foi preso durante a noite deste domingo (19) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade.
De acordo com informações da Polícia Militar (PM), o denunciante, que trabalha como médico no local, relatou que o parlamentar o desacatou e fez o mesmo com outros funcionários da unidade.
Ainda segundo a PM, Osmar deu um chute em uma porta, vindo a danificá-la. O vereador foi preso e liberado ainda na noite de ontem.
Motivação
Um jovem, de 17 anos, deu entrada na unidade com sintomas de infarto. Após o enfermo não conseguir o devido atendimento, o pai procurou o vereador. Ele foi até a UPA para tentar conseguir uma transferência. Ao chegar na unidade, os médicos disseram ao edil que não iriam atender o adolescente, com a justificativa de troca de turno e que se o parlamentar quisesse, aguardaria na parte de fora, fechando a porta em seguida.
Logo após, Osmar deu um chute na porta, exigindo o atendimento ao jovem. A Polícia foi chamada pelos médicos e o edil foi preso por desacato e dano ao patrimônio público. O adolescente foi transferido para o hospital Santa Mônica, em Divinópolis.
Posicionamento
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Osmar Santos esclareceu o ocorrido, confirmando as situações relatadas.
“Duas horas de prazo e ninguém havia feito nada para que o adolescente fosse transferido para onde tivesse mais recursos. Então a minha revolta foi essa, de chegar na portaria da unidade e já ali quiseram me barrar, me proibindo de exercer o meu direito de vereador e fiscalizador do bem público e do direito de cidadão”, diz.
Sobre a danificação da porta, o edil alegou no vídeo que havia a empurrado e assim, discutindo com os médicos em seguida. O vereador finaliza o vídeo dizendo que se sentiu feliz ao saber que o jovem havia sido transferido e torce para que não ocorra algo pior.
“Se acontecer algo pior, essa unidade será responsabilizada por mim e por várias pessoas da família por negligência médica. Lá houve falta de interesse em transferir a criança em um tempo hábil” finaliza.
Câmara
Em nota, a Assessoria da Câmara reafirmou a fala do vereador, entretanto ressaltou “que apesar da reação do vereador por impulso pela consternação com a família, essa não é uma atitude que deve ser tomada. A Câmara tem a posição de que o Patrimônio Público deve ser preservado”.
Secretaria de Saúde
A secretária municipal de saúde, Glaucia Sbampato, disse que médicos já estavam na urgência e prestaram todo o atendimento de reanimação ao adolescente, enquanto uma outra equipe atendia na porta da UPA, realizando o cadastro no SUS Fácil.
“Quando o médico conseguiu de fato estabilizar este paciente, no qual ele foi ligar nos hospitais, falando da gravidade e conseguir esta vaga mais rápido, o enfermeiro foi abordado por esse vereador e o mesmo falou que estava indo para a parte interna, onde fica o computador, com o sistema de informação e o edil começou a atacar os funcionários”, diz.
Glaucia diz que com o ocorrido, o cadastro do adolescente se atrasou, criando um grande transtorno.
“Penso que um representante da população, tem que entender o trâmite. A todo momento, ele falava ‘vocês vão deixar esse menino morrer aqui?’, muito pelo contrário, o que os médicos fizeram foi conseguir estabilizar, porque jamais se pode transferir um paciente se ele não está respirando e não tem condições. Ele (o médico) reanimou o adolescente, o entubou, ou seja, garantiu que ele pudesse respirar para poder ser transferido”, relata.
A secretária finaliza pedindo compreensão da população e dos vereadores.
“Nós não chegamos na Câmara e invadimos os gabinetes dos vereadores, no momento da reunião, porque existe uma regra. A regra é essa, salvar uma vida, e isso foi feito”, completa.