“Me arrependo de ter brincado com ele”, afirma Ewerton; Matheus Costa registrou ocorrência por injuria e difamação contra o secretário de esportes

Amanda Quintiliano

Marcelo Lopes

O clima entre o vereador novato, Matheus Costa (PPS) e o secretário de Esportes, Ewerton Dutra esquentou. Após virar caso de polícia durante o pré-carnaval de Divinópolis, o bate-boca rendeu uma nota de repúdio assinada por todos os parlamentares. O documento foi apresentado nesta terça (26).

Tudo começou com as críticas disparadas por Matheus no dia 19 de fevereiro. Sem medir palavras, ele atacou a atuação do secretário na reunião de prestação de contas. Criticou a “fábrica de multas” e a falta de ações da secretaria. Disparou ainda que Dutra foi nomeado por ser cunhado do vice-prefeito, Rinaldo Valério e não por competência. Classificou a pasta como “bosta”.

As críticas ferrenhas geraram reação dentro do governo. Dois dias depois foi emitida uma nota pela assessoria da prefeitura tratando o pronunciamento do vereador como “chulo, vulgar e desrespeitoso”.

Novo capítulo

Quando os ânimos estavam mais calmos veio um novo capítulo. Bastou os dois se esbarrarem no pré-carnaval para virar caso de polícia. Matheus Costa registrou boletim de ocorrência contra o secretário alegando injúria e difamação.

Ele contou que ao encontrar com Dutra, ele apontou o dedo na cara dele dizendo palavras de baixo calão e afirmando que ele não era homem e que tem “teto de vidro”. O ato foi testemunhando pelo vereador Roger Viegas (PROS) e por outra pessoa que teve o nome preservado.

“Fui à Polícia, registrei boletim de ocorrência, quero que ele prove sobre a minha mãe, sobre eu não ser homem e em que dia e como ele irá me arregaçar”, afirmou ao PORTAL CENTRO-OESTE.

“Ele não poderia ter usado esses termos em relação a minha mãe, que é a pessoa que mais amo no mundo e nem a mulher alguma. Mas isso mostra o despreparo dele para ocupar o cargo nessa administração e que eles estão perdidos através dessa atitude”.

Outro lado

O secretário contou outra versão. Disse que, na verdade, se aproximou de Roger Viegas e de um amigo dele e que não tinha visto Matheus.

“Cheguei brincando com o Roger e com esse outro amigo e como o Matheus estava próximo, brinquei com ele também. Falei brincando, “ô, seu filho da p…”, não foi em um termo ofensivo”, afirmou, negando ter apontado no dedo na cara dele.

“Aí o Matheus levou para o outro lado, se fez de vítima e falou que na terça-feira que ia acabar comigo na Câmara, na tribuna. Eu disse “mas eu estou brincando com você” e ele falou “é a segunda vez que você erra comigo”, nem lembro qual foi a primeira e eu disse para ele que quem tem telhado de vidro, não joga pedra na casa dos outros (…) Eu sou um cara alegre, extrovertido, brincalhão e esse foi o meu erro, mas não tenho nada contra o Matheus”.

“Me arrependo de ter brincado com ele”, finalizou.

Teto de vidro

O secretário não explicou o que quis dizer com “teto de vidro”. Matheus é filho do vereador cassado em 2010 por compra de votos e abuso de poder, Waldermar da Pamer. Ele já ocupou cargo de diretoria de esportes em 2014. Na época deixou o cargo sobre pressão após o PORTAL denunciar que ele recebeu salário integral mesmo sem aparecer para trabalhar.

Várias justificativas foram apresentadas por ele, dentre elas afastamento por saúde e férias.

Em 2017 o Ministério Público pediu a condenação do então ex-diretor de esportes por improbidade administrativa por não cumprir a jornada de trabalho.

Repercussão

Os vereadores saíram, nesta terça (26), em solidariedade a Matheus. Criticaram a postura do secretário e assinaram uma moção de repúdio contra ele. No documento eles pedem que Ewerton Dutra peça desculpas ao vereador.