UPA Padre Roberto de Divinópolis
A UPA é gerida pela Santa Casa de Formiga (Foto: Arquivo)

 

Assembleia deverá reunir todos os profissionais da unidade; Contratados e concursados estão sem receber

Amanda Quintiliano

Se antes apenas os médicos contratados pela Santa Casa de Formiga para atuarem na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis estavam com problemas salariais, agora, os concursados também estão enfrentando atrasos. A situação ameaça o funcionamento da unidade. Nesta quinta-feira (08) vários profissionais devem se reunir em assembleia para definir as medidas que serão tomadas.

Dentre as possibilidades está a greve. Pelo menos ela já foi cogitada pelo Sindicato dos Enfermeiros em assembleia com a categoria no mês passado. Na época, ficou decidido que os profissionais da categoria iriam aguardar até o quinto dia útil deste mês para ver se o pagamento cairia na conta como previsto em lei. Como isso não aconteceu, o movimento ganhou força.

A Assessoria de Comunicação da prefeitura informou ao PORTAL que cada servidor deve receber R$1 mil nesta sexta-feira (09). Já o restante está condicionado ao repasse do IPVA ao município, ou seja, sem previsão. O valor retido pelo Estado chega a R$9 milhões.

Os atrasos da prefeitura atinge não somente os enfermeiros. Todos os profissionais cedidos pelo município a UPA estão na mesma situação. Por isso, a assembleia deverá ser estendida a todas as categorias, incluindo os médicos. Os médicos contratados pela Santa Casa também devem participar, segundo o presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Anderson Rodrigues. Os honorários médicos somam dois em atrasos.

Já os profissionais celetistas estão com o pagamento em dia, assim como fornecedores.

Crise e gestão

Quem lida diretamente com os profissionais demonstra preocupação. O superintendente da UPA, José Geraldo Pereira, conversou nesta quarta-feira (07) com o vice-prefeito, Rinaldo Valério. O munícipio, segundo ele, tem se esforçado para reverter a situação e gerar receita, porém tem se segurado na velha desculpa de “crise financeira” para justificar os constantes atrasos.

“O que podemos fazer é cobrar, buscar respostas, mandar e-mail”, disse Pereira, alertando sobre as fontes de receitas.

Para ele, o município precisa se preocupar em gerar novas receitas e não se prender aos repasses do Estado e União. As emendas são medidas paliativas. O IPVA também mingua a partir do segundo semestre, como já mencionado pelo PORTAL. O custeio de R$125 mil do governo estadual não cobre nenhuma nota dos honorários médicos, por exemplo. Já são quase 20 meses em atraso do custeio.

“De onde será tirado o dinheiro?”, indagou.

Prioridade

Enquanto o problema salarial se alastra, o superintendente tem priorizado outras questões. Nesta quarta-feira (07) há 37 pacientes internados na UPA aguardando vagas em eleitos. Número menor do que os 60 registrados no final do ano passado.

“Estamos buscando melhorar a capacidade e qualidade de atendimento, melhorando acolhimento”, disse.

A redução pode estar atrelada ao decreto de calamidade financeira da saúde que determina a priorização dos atendimentos dos pacientes classificados pelo protocolo de Manchester como urgentes ou emergentes. As demais pessoas são acolhidas pelos profissionais e orientados a procurarem os postos de saúde.

Contrato

Paralelo a todos os impasses envolvendo a UPA, as negociações para o rompimento do contrato entre a Santa Casa e a Prefeitura de Divinópolis continuam. Pereira confirmou ao PORTAL que a situação caminha para isso, porém o martelo ainda não foi batido. Hoje (07), ele participará de reunião em Formiga. Como antecipado logo na contratação dele para o cargo a previsão é do contrato ser reincidido até junho deste ano.