Divinópolis sediou, nesta sexta-feira (10/12), audiência pública promovida pela Comissão de Viação e Transportes (CVT) da Câmara Federal. Em pauta estava a renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica, hoje administrada pela VLI.

A ideia, segundo o deputado federal e autor do pedido da audiência, Domingos Sávio (PSDB), é traçar contrapartidas para a exploração do serviço.

“A concessão deve atender ao interesse público e não ao de uma empresa. Ela passa por todas as cidades e precisa beneficia-las. Hoje, ficamos com o barulho do trem”, comentou.

O Governo Federal tem atuado com a ideia de tornar as ferrovias uma alternativa logística com maior potencial para o escoamento da produção brasileira. A prorrogação das concessões tem este viés.

“Toda essa discussão busca, fundamentalmente, antecipar os investimentos com relação a necessidade de atender as demandas regionais e locais em relação ao conflito ferrovia com a municipalidade, bem como, adicionar cargas e demandas que existam na região no sentido de ampliar a oferta do transporte ferroviário e migrar cargas de rodovia para ferrovia”, explicou o coordenador de transporte ferroviário da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), Jean Mafra.

O contrato da VLI termina no início de 2017. Para prorrogação, o Ministério da Infraestrutura deverá aprovar o plano de trabalho e definir investimentos antecipados. Essas contrapartidas deverão ser executadas antes do término do atual contrato. Só assim, ela terá mais 30 anos de concessão.

Problemas

O principal problema apontado por lideranças é a mobilidade urbana. Os trilhos cortam a região Central de Divinópolis, polo do Centro-Oeste.

“Quando as composições passam por esses locais gera uma grande fila, retenção de veículos e atrasa as pessoas dificultando a mobilidade, principalmente de transporte coletivo por travar e atrasar o cumprimento de horários”, explicou o secretário de trânsito, Lucas Estevam.

Uma das alternativas previstas em um estudo realizado pela pasta é a construção de um contorno viário ou a construção de viadutos nos trechos mais críticos, como no cruzamento das ruas Antônio Olímpio de Morais e Sergipe.
Outra possibilidade debatida há anos, e menos provável, é a transposição dos trilhos para a área rural. Entretanto, essa alternativa demandaria tempo e dinheiro.

Porto seco

A renovação também reacendeu um debate antigo a construção de um porto seco no Complexo da Ferradura.

“A própria VLI tem terrenos naquele espaço (Complexo da Ferradura) que vislumbrava naquela época essa logística para transporte intermodal, conectar a ferrovia ao sistema de diferentes modais para a nossa região”, explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Divinópolis, Luiz Ângelo Gonçalves.

Para o prefeito de Carmo do Cajuru Edson Vilela isso ajudaria no fomento da economia.

“Hoje a VLI utiliza o sistema ferroviário como ponta de passagem em nossa região. Isso tem dificultado muito a questão do desenvolvimento, da exportação dos nossos produtos, como chegada de matéria prima”, destacou, citando a Gerdau.

“Ela consome mais de 60 mil toneladas de minério por mês e, no entanto, esse transporte tem sido feito apenas rodoviário”, explicou.

Investimentos esperados por empresários.

“Qualquer contrapartida que reverte para os municípios atinge o desenvolvimento, atinge a indústria, o comércio, o serviço. A gente espera que seja uma concessão equilibrada”, afirmou o presidente da Fiemg regional Centro-Oeste Eduardo Soares.

Leia a nota na íntegra da VLI:

“A linha férrea que percorre o município de Divinópolis integra o Corredor Centro-Leste da Ferrovia Centro-Atlântica, administrada pela VLI. O ramal possui um fluxo logístico privilegiado, com grande vocação para o mercado siderúrgico e de grãos.

Também está situada em Divinópolis (MG) a Oficina de Manutenção de Material Rodante. Trata-se da maior oficina de manutenção de locomotivas e vagões da América Latina. São quase 700 profissionais atuando na unidade. A unidade de Divinópolis também funciona como um celeiro de formação de mão de obra, valorizando os programas de porta de entrada, como o Jovem Aprendiz e o estágio.

Todas as operações da VLI seguem rigorosamente os protocolos de segurança estipulados pelos órgãos reguladores para o transporte de cargas. A companhia promove ainda projetos de educação e estímulo à conscientização e ao comportamento seguro de moradores, motoristas, ciclistas e motociclistas.

Por fim, a companhia reforça que considera a oitiva e o envolvimento de toda a sociedade um passo importante no processo de renovação. A companhia esclarece, contudo, que a alocação de recursos é uma decisão do Ministério da Infraestrutura e ANTT.”