Candidata a vereadora é acusada de coagir pais de crianças autistas em Divinópolis
Foto: Reprodução / Redes sociais

Áudios divulgados em grupos de mensagens reforçam as acusações, onde Vivian teria dito que monitoraria os votos; Candidata diz que estava sob efeito de medicamentos

Áudios da candidata a vereadora de Divinópolis e presidente afastada da Associação Amiga dos Autistas, devido às eleições municipais, Vivian Fátima Alvarenga, do partido Solidariedade, revelam suposta coação e assédio a pais de crianças autistas. A denúncia foi feita por um grupo de pais da associação em Divinópolis, que alega que a candidata estaria condicionando o atendimento na entidade ao apoio eleitoral para sua campanha.

Monitoramento dos resultados eleitorais

Conforme os relatos, Vivian teria questionado insistentemente os pais sobre quem a apoiaria, afirmando que aqueles que não votassem nela seriam colocados “no final da fila” para o atendimento na associação. As coações teriam se intensificado nos últimos dias, com a candidata utilizando sua posição para pedir votos de forma abusiva. De acordo com as denúncias, Vivian teria afirmado que monitoraria os resultados eleitorais para identificar quem votou nela.

Detalhes dos áudios

Em áudios divulgados em grupos de mensagens, Vivian teria declarado: “Eu vou monitorar voto a voto em cada escola de Divinópolis. Quem não estiver comigo vai para o final da fila, seja do Copacabana, seja do Sidil, seja do Centro, seja do Grajaú”.

Ela também teria mencionado que ganharia as eleições, afirmando que “a causa dos autistas arrasta multidões” e que a população se sensibilizaria com a campanha.

Candidata confronta eleitora em áudios vazados

Nos áudios que vieram à tona na última terça-feira (24/09), Vivian questiona diretamente uma pessoa chamada Sheila, com frases como: “Oi Sheila, tá boa? Você tá caminhando com quem?” e “Eu vou monitorar todos os votos de todas as cidades e de todos os bairros onde eu fui votada e onde eu não fui votada”.

Após a divulgação dos áudios, Vivian se pronunciou, afirmando que inicialmente pensou que as gravações não eram de sua autoria, pois não se recordava do que havia dito. Posteriormente, ao revisar as conversas, ela justificou que estava sob o efeito de medicação indutora do sono no momento das falas. “É possível notar que minha voz está pastosa e a fala desconexa”, destacou.

Alvo de perseguições

Vivian também declarou que está sendo alvo de perseguições nos últimos dois anos, e que sua candidatura teria intensificado esses ataques. Conforme ela, essa pressão afetou sua saúde mental, levando-a a buscar auxílio psicológico e psiquiátrico devido a crises de ansiedade e dificuldades para dormir.

“Sem vínculos políticos”

A atual presidente da Associação, Virgínia Caertano afirmou quem nota que a entidade não compactua com qualquer tipo de ação que possa prejudicar outras pessoas.

“Nós, da atual diretoria, estamos profundamente tristes com os acontecimentos recentes e ainda mais tristes por ver o nome da Associação envolvido nesses fatos”, afirma.

Disse que a Vivian Alvarenga não fala e não atua em nome da instituição deste abril deste ano e que a entidade não pode ter vínculos políticos com nenhum candidato.

“Não compactuamos com suas declarações, e no momento, ela não faz parte da diretoria. Acredito que ela cometeu um erro, mas isso não deve afetar a Associação. Mesmo sendo a fundadora, suas declarações são de responsabilidade exclusiva dela, e não da instituição”.

A entidade atende cerca de 100 crianças e adolescentes.

Vivian Alvarenga se defende de áudios e acusações

Eu, Vivian de Fátima Alvarenga, venho por meio deste me retratar sobre os áudios vazados.

Primeiramente, sou fundadora da Associação Amiga, porém, me encontro afastada da entidade desde abril de 2024. Desde então, não falo em nome da instituição e nem atuo nela. (Segue em anexo o documento registrado em cartório que comprova meu afastamento).

Fiquei extremamente surpresa e envergonhada com os áudios divulgados, pois essa não é minha conduta usual, eu não sou assim. Inicialmente, pensei que não fosse minha voz, justamente por não me recordar e não concordar com o que foi dito ali. No entanto, averiguei todas as conversas com a referida pessoa e, infelizmente, nesse dia, eu estava sob efeito de medicação indutora de sono. É possível notar que minha voz está pastosa e a fala desconexa.

Há dois anos venho sofrendo perseguições, e com o início da minha candidatura, essas perseguições se agravaram, afetando significativamente minha saúde mental. Busquei auxílio psicológico e psiquiátrico devido à ansiedade e dificuldade para dormir. Sou mãe atípica, esposa, ativista da causa autista e, no momento, candidata a vereadora – todas essas funções exigem muito de qualquer ser humano.

Vivian Alvaregan: “Uso de medicamentos”

Iniciei o uso de medicamentos para controle da ansiedade e da insônia grave. Contudo, todo medicamento tem seus efeitos colaterais. E, nessa ocasião, tive a infeliz atitude de usar as redes sociais em um momento em que estava sob efeito da medicação para dormir. Está comprovado pela medicina que um dos efeitos colaterais de psicotrópicos é o comportamento atípico, fala desconexa e dificuldade de concentração.

Eu errei e me arrependo profundamente por isso. Gostaria de pedir minhas sinceras desculpas às pessoas que foram afetadas pela minha fala em um momento de vulnerabilidade. Eu estava, de fato, sob efeito de medicação, mas isso não me isenta do erro. Irei responder pela minha imprudência.

Esses áudios não me definem. Eu não sou assim, não compactuo e não concordo com absolutamente nada do que foi dito. Estou extremamente envergonhada e arrependida por ter usado as redes sociais naquele estado. No entanto, esse episódio isolado não apagará minha luta e esforços dedicados à saúde e à causa autista.

Esse incidente me fez crescer como pessoa e refletir sobre a importância de cuidar da saúde mental. Mais uma vez, peço perdão às pessoas que ofendi. Estou pronta para responder pelos meus atos, caso haja algum processo.