“Que o dinheiro é pouco no bolso dos brasileiros, todos já sabem. Mas ele fica ainda menor quando falta educação financeira”
Anderson Gonçalves
O tempo vai passando e aos poucos os altos impostos começam a fazer parte da vida do consumidor de forma natural. No início do houve revolta, reclamações, manifestações e muita indignação, mas passados alguns dias, o consumidor está pagando alto pelo que precisa comprar, ou está deixando de comprar o que precisava. Será que o plano do governo para diminuir a inflação está começando a dar certo?
Para reduzir a inflação, uma das estratégias do governo é o aumento dos impostos, que pesa de forma direta no bolso do consumidor, e consequentemente nas receitas das empresas varejistas, e por fim nas produtoras. Podemos dizer que é possível se desviar um pouco dos impostos relacionados ao crédito, uma vez que nem sempre é necessário fazer empréstimos, e alguns itens que seriam comprados através do crédito, podem esperar um pouco. Porém, o problema começa a ficar grave quando olhamos para o aumento nos combustíveis, que nesse caso, afeta de forma direta todos os consumidores e empresas, e não há muitas estratégias para ficar fora desse aumento, sendo que tudo que consumimos passa pelo uso de algum tipo de transporte.
A inteligência do Governo Federal, e a falta de planejamento do consumidor.
Que o dinheiro é pouco no bolso dos brasileiros, todos já sabem. Mas ele fica ainda menor quando falta educação financeira, e as portas do endividamento se abrem e junto com ela vem a solução míope que é a tomada de empréstimo, nesse caso, um o erro fatal. Como a maioria das pessoas não faz um diagnóstico financeiro, nem conseguem fazer um orçamento financeiro que priorize sonhos, objetivos e metas, muitos enxergam como única solução a tomada de novos empréstimos. Hoje temos uma população de inadimplentes (pessoas que devem e não conseguem pagar suas contas) mais de 40% da população adulta está nessa situação. Quase 60% das famílias brasileiras estão endividadas, ou seja, possui algum tipo de dívida, seja no cheque especial, cartão de crédito, casa própria, carro, FIES e outros. Atualmente temos casa, carro, filhos na faculdade, eletrodomésticos novos, mas quase tudo ainda está para ser pago. Esse é o grande vilão de uma sociedade envidada.
Como o Governo Federal tem em mãos todos os dados de financiamentos no Brasil e sabe muito bem que o brasileiro não tem educação financeira e compra quase tudo financiado, então aumenta onde tem maior probabilidade de arrecadação, nas operações de crédito.
O cidadão terá de arcar com uma alíquota maior no Imposto sobre Operações Financeira (IOF), que subiu de 1,5% para 3%. Essa medida vai aumentar diretamente no Custo Efetivo Total (CET) de todos os empréstimos e financiamentos no país. O consumidor terá de desembolsar um valor extra em tributos para a arrecadação do governo.
Na prática, pegar dinheiro empestado e fazer compras a prazo vai ficar ainda mais caro seja para pessoa física, ou para empresas. Essa estratégia além de conter o crédito, enche os cofres do Governo Federal, com uma população endividada, por falta de educação financeira, gastará muito tempo até que as pessoas entendam o verdadeiro valor do dinheiro, e durante esse tempo, muitos tributos ainda irão para os cofres do governo.
Qual a necessidade de aumentar os impostos pelo Governo Federal?
Quando há um descompasso entre arrecadação do governo e despesas públicas, é necessário de alguma forma buscar dinheiro, e uma das receitas é clássica: aumenta os impostos e diminui os investimentos, assim em tese, sobra mais dinheiro em caixa.
O governo preparou um pacote de medidas para aumentar o caixa em cerca de 20,6 bilhões, e para atingir esse objetivo o pacote inclui o aumento de inúmeros impostos: Combustíveis, PIS/Cofins para produtos importados, IOF para operações de crédito e IPI no setor de cosméticos.
O aumento dos impostos tem como objetivo reequilibrar a economia e aumentar a confiança do país para novos investimentos. Além disso, a Selic em alta também contribui para o aumento da taxa de juros no bolso do consumidor, e diminuição do lucro das empresas, que tem diminuição direta nas vendas.
Alta na taxa de juros, é como uma moeda, e sempre tem dois lados. De um lado quem precisa de dinheiro, paga mais caro por ele, de outro quem tem dinheiro lucra mais com aplicações em renda fixa, por exemplo. Como sabemos que o lado de quem precisa de dinheiro é bem maior, veja abaixo o impacto direto no bolso dos Consumidores.
O dinheiro do seu bolso, diminuindo em 5 atos. Cuidado!
Ato 1: Feira
Quando há aumento nas alíquotas do PIS/Cofins, imposto sobre produtos importados, aumenta também os gastos dos produtores rurais com insumos agrícolas – tratores e fertilizantes, por exemplo, que vêm de fora do país. Com isso fica mais caro a produção, e os preços de produtos agrícolas vão subir direto na mesa do Consumidor.
Ato 2: Frete
Com o aumento dos combustíveis, é inevitável o aumento do frete, fator de impacto dos produtos agrícolas e vários outros serviços, que mais uma vez o impacto será no bolso do Consumidor.
Ato 3: Supermercado
Com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide sobre todas as operações de crédito para o consumidor, que aumenta de 1,5% para 3%, as empresas que compram suas mercadorias a crédito repassarão ao consumidor o aumento no tributo aos seus clientes, e nesse caso inclui muitos supermercados. Além é claro do aumento do frete, mais uma vez aumento no bolso do Consumidor.
Ato 4: Cosméticos
O Brasil é o 2º maior consumidor de cosméticos do mundo, só esse motivo basta para o aumento nos impostos sobre esse mercado, mais consumo, mais impostos. Com o aumento, espera arrecadar 381 milhões de reais no segundo semestre deste ano.
Ato 5: Passagens aéreas e de ônibus interestaduais
Pensar em economia é imaginar “quanto custa uma vaca”, para o produtor, para o consumidor e para o varejista. É um conjunto de pessoas, empresas e governo que dependem do valor de uma vaca, que aumenta seu valor quando passa de uma cadeia para outra. Assim quando há aumento de algum tipo de imposto, o aumento impacta muitas pessoas. É o caso das passagens aéreas e de ônibus que estão mais caras por causa do aumento no preço dos combustíveis para o consumidor final.
Caso prático. Suponha que você deseja compra uma Televisão no valor de R$1.500,00, financiada pelo prazo de 12 meses, com uma taxa de juros de 4,85% ao mês (média), veja abaixo os valores antes e depois do aumento do IOF.
Antes (com IOF de 1,5% ao ano): 12 parcelas de R$ 170,96 (total de R$ 2.051,52)
Depois (com IOF de 3% ao ano): 12 parcelas de R$ 173,48 (total de R$ 2.081,76)
A elevação do IOF representará uma elevação de R$ 2,52 na prestação e de R$ 30,24 no total do financiamento. Com essa medida, o governo espera arrecadar R$ 7,38 bilhões neste ano.
Solução: O caminho para combater esse cenário é a educação financeira que tem como objetivo buscar mudança de hábitos e costumes em relação ao dinheiro. O caminho recomendado é que a escola seja parceira das famílias para colocar na grade curricular, a disciplina de educação financeira, ensinando crianças, jovens e adultos como é possível fazer um diagnóstico financeiro preciso, estabelecer seus sonhos e metas, programar um orçamento financeiro mensal e anual que priorize a realização desses sonhos, e poupar parte do que ganha para evitar pagamentos excessivos de juros, investindo desde cedo em busca da sustentabilidade financeira da família.