Família aponta negligência médica; Secretaria de Saúde diz que investiga o caso e os procedimentos realizados na UPA do município
Um bebê de seis meses morreu com dengue em Formiga, no Centro-Oeste de Minas. Embora a Secretaria Mucipal de Saúde trate o caso como suspeito, um exame laboratorial realizado pela família confirmou a doença.
De acordo com a certidão de óbito, Nathan Costa morreu de parada respiratória, dengue grave, choque grave refratário e plaquetopenia, que é o número baixo de plaquetas no sangue.
A Secretaria Municipal de Saúde informou, nesta quinta-feira (14/3), que está em investigação o caso e que está apurando todos os procedimentos feitos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Isso porque a família apontou negligência médica entre idas e vindas à unidade sem o devido tratamento.
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Evolução do quadro de saúde do bebê que morreu com dengue
O menino começou a passar mal no dia 27 de fevereiro. Dois dias depois, apresentou quadro febril.
“Levamos ele na UPA e o médico falou que era virose, passou antialérgico, lavagem e disse que se não passasse em três dias para voltar”, relembra a mãe, Larissa Aparecida Costa.
A família, então, o levou à UPA. Lá, não houve um diagnóstico conclusivo. Os pais alegam que retornaram à unidade por seis vezes. Por fim, a família decidiu pagar consulta na Santa Casa no dia 8 de março. Lá, o médico pediu alguns exames, dentre eles o de COVID-19. Como deu negativo, ele orientou a família a internar o menino. O custo chegaria a R$ 3,5 mil.
Sem dinheiro, a família retornou à UPA no mesmo dia. Lá, então, a pediatra pediu o exame de dengue, conforme a mãe, “para descartar o óbvio”. O resultado deu positivo para a doença. A médica passou orientações para a mãe que voltou com o filho para casa.
Ele, então, voltou para a casa. Contudo, o quadro se agravou dois dias depois. Ao receber outros resultados de exame, também custeados pela própria família, eles decidiram na madrugada do dia 10 de março retornar a UPA. Lá, a família enfrentou o verdadeiro descaso. Foram cinco horas entre a chegada até o atendimento.
Transferência
O menino, conforme a mãe, só foi transferido para a Sala Vermelha por insistência das enfermeiras para que o médico providenciasse a transferência.
“Ele ficou todo gelado, o pezinho roxo, a mãozinha roxa, a boquinha roxa, ficamos esperando, esperando o médico e ele não vinha”, relambra Larissa.
Quando, finalmente, houve a transferência pelo Samu da UPA para a Sala Vermelha da Santa Casa – uma unidade funciona em frente a outra – o bebê não resistiu.
“A minha opinião é de que antes de arrumar papel, era medicar o menino, depois ia tentar a vaga. Por que para eu pagar R$ 3,5 mil tinha vaga e para o SUS não? Ela estaria disponível apenas para pagar? Eles esperaram tudo acontecer, chegar no extremo. Quero justiça sim, eu deixei bem claro que eu ia atrás de justiça lá na Santa Casa”, desabafou Larissa.
A família o levou para a UPA novamente, desta vez, em estado crítico. O atendimento, conforme relatado por familiares, demorou cinco horas. O menino não resistiu.
Nota
Em nota a diretoria da Unidade de Pronto Atendimento (UPA Formiga) lamentou o ocorrido e disse que estão sendo realizadas as investigações de todos os procedimentos feitos na unidade.
“Ressalta-se que os médicos que atenderam o paciente são profissionais com experiência em urgência e emergência, incluindo pediatra. No entanto, infelizmente, a evolução foi insidiosa, tanto pela avaliação clínica quanto pelos exames laboratoriais, que mostraram alteração abrupta dos dias 7 e 8, quando foi atendido, para o dia 10 de março, quando retornaram à UPA”, consta na nota.
Nesse dia, o paciente apresentou valores de risco, tendo piora clínica importante na parte da noite, sendo internado e transferido pelo contato via Samu para Sala Vermelha da Santa Casa de Formiga.
“Ressaltamos que estamos vivendo um momento de calamidade no contexto de um surto de uma doença que, infelizmente, não possui tratamento específico e tem uma evolução inesperada”.
Questionado o porquê do município ainda tratar o caso como suspeito, a assessoria informou que apenas a Secretaria de Estado de Saúde (SES) pode confirmar ou descartar a óbito pela doença. Oficialmente, a cidade não tem nenhuma morte pela doença.