Brasil em alerta: 86% dos municípios com alto risco de sarampo
Foto: Ministério da Saúde/Divulgação

O Brasil perdeu o status de país livre de sarampo em 2019 e espera retomar a certificação após revisão

Nesta quarta-feira (18), durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações em Recife, foram apresentados dados alarmantes sobre a situação do sarampo no Brasil. Segundo os dados, 4.587 municípios foram classificados como em alto risco para sarampo, enquanto 225 foram categorizados como em risco muito alto. Isso representa 86% das cidades em todo o país com risco elevado para a doença. Além disso, 751 municípios estão listados com risco médio e apenas quatro com baixo risco.

Detalhes

Flávia Cardoso, coordenadora de Imunização da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), comentou sobre o cenário atual. “Em 2016, o Brasil foi certificado como país livre do sarampo, mas perdeu esse status em 2019, após registrar a circulação do vírus por mais de 12 meses. Em 2022, o Brasil estava endêmico para sarampo e, em 2023, passou para o status de país pendente de reverificação”, explicou Cardoso.

Recomendações

Em maio deste ano, a Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação do Sarampo, da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita nas Américas visitou o Brasil e fez várias recomendações. Segundo Flávia Cardoso, a comissão sugeriu ampliar a sensibilidade na definição de casos suspeitos de sarampo e pediu que o país informe o número de amostras recebidas de pacientes com febre e exantema, bem como os diagnósticos de descarte. “Foi feita ainda a recomendação de buscas ativas integradas de casos de sarampo e rubéola com poliomielite e paralisia flácida em menores de 15 anos”, disse ela, destacando que essas ações visam fortalecer a vigilância a nível municipal.

Cobertura vacinal

Flávia Cardoso também destacou que, apesar da melhora na cobertura vacinal para sarampo e rubéola por meio da tríplice viral, alguns estados mostraram progresso mínimo ou negativo. A situação em estados como Rio de Janeiro, Amapá, Pará e Roraima foi classificada como muito preocupante para a manutenção da eliminação do sarampo e da rubéola no país.

Casos suspeitos

A comissão recomendou ainda a padronização de um fluxograma de resposta rápida a casos suspeitos, com base no recente caso importado de sarampo detectado no Rio Grande do Sul. Além disso, sugeriu a articulação com o Ministério do Esporte e ligas esportivas para a vacinação de atletas brasileiros, semelhante ao que foi feito para os Jogos Olímpicos de Paris deste ano.

Medidas

Em junho deste ano, o Brasil completou dois anos sem casos autóctones de sarampo, ou seja, sem transmissão interna. O país busca retomar a certificação de ‘livre de sarampo’ com as medidas recomendadas pela Opas.