Representante da ONG Vida Animal critica entidades de proteção aos animais que compartilharam fotos com informações erradas; Prefeitura fará ocorrência por invasão ao Crevisa

Marcelo Lopes

Fotos de um dálmata e outros cães mortos dentro de sacos plásticos, que estariam no Centro de Referência de Vigilância em Saúde Ambiental (Crevisa), viralizaram pelas redes sociais nesta quarta-feira (21). Nas postagens, internautas relataram o sentimento de indignação, dizendo que os animais haviam sido recolhidos para castração, mas foram sacrificados no local.

“Me dá um ódio em ver essas imagens, sem saber o que esses cães realmente tinham. Será que a única solução era esta?”, diz um comentário.

“Como podem ser tão cruéis! Essa é a política para controle de animais abandonados na nossa cidade?”, questiona um internauta.

Amanda Lopes, que faz parte do Projeto Vida Animal, ONG que tem uma parceria com a Prefeitura de Divinópolis, disse ao PORTAL que os animais exibidos nas imagens não são os que foram recolhidos no bairro Niterói para castração durante a última terça-feira (20). De acordo com ela, eles estavam com leishmaniose. 

Sobre o dálmata, Amanda acredita que o cão deveria ter mais uma chance de ser salvo, mas segundo a própria, o Crevisa não realiza o tratamento de animais em estado de sofrimento.

“Estamos enviando um pedido para a diretora de vigilância em Saúde, Janice de Oliveira Soares, solicitando que o órgão não recolha mais animais nesse estado, coletando apenas cães para exames de leishmaniose para o controle de zoonoses. Já tínhamos feito um pedido para não recolherem mais filhotes, porque senão eles morrem no local, pois lá é contaminado e conseguimos uma vitória sobre isso”, diz.

A representante do Projeto Vida Animal criticou o posicionamento de outras ONGs que compartilharam as fotos pela internet. Segundo ela, essas entidades tomam pouca atitude frente às irregularidades apresentadas.

“Estou agregando, apresentando soluções, buscando melhorias e alcançando resultados”, explica.

Ainda segundo Amanda, os cães das fotos passaram por exames de leishmaniose e conforme o resultado presente em relatórios, o diagnóstico foi de que eles estavam contaminados com a doença.

“Pelo o que consta, não foi uma morte deliberada (sem razão), embora que, nós não concordamos, enquanto pessoa, com a eutanásia por conta da doença, mas a Organização Mundial da Saúde (ONS), preconiza dentro da lei, que os municípios têm de sacrificar o animal soropositivo”.

Amanda ressalta que, de forma individual, a lei permite que o tratamento de cães com a doença seja realizado.

Sobre os animais caninos recolhidos no bairro Niterói, Amanda afirma que os mesmos estão sendo castrados nesta quarta (21), irão ficar no pós operatório de sete a dez dias e depois haverá a devolução nos locais de captura, pois são cães semi domiciliados, ou seja, serão colocados na porta de cada pessoa de onde foram coletados.

O que diz a Prefeitura

Confira o posicionamento da Prefeitura de Divinópolis em nota enviada pela assessoria de imprensa

“A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) implantou um programa para controle da transmissão da leishmaniose visceral no município. Nesta terça-feira (20/03), os agentes de saúde recolheram sete cães no bairro Niterói para realizar a castração, que faz parte do programa implantado na cidade. Os agentes de saúde explicaram aos moradores que os cães seriam recolhidos e iriam passar pelo processo de castração no Centro de Referência de Vigilância em Saúde Ambiental (Crevisa). Depois do período pós-operatório e, seguindo as normas do manual do Ministério da Saúde, os cães serão devolvidos aos seus donos e, se forem de rua, serão deixados no mesmo local recolhido.

Em relação ao cachorro (Dálmata) encontrado abandonado agonizando no lote nesta terça-feira (20), seguindo a legislação vigente e de acordo com o laudo do médico veterinário, para evitar sofrimento ainda maior ao animal, ele precisou ser eutanasiado. O animal estava caquético, com os membros traseiros paralisados, com miíase (bicheira) nas patas dianteiras, com secreção purulenta no corpo. O cachorro foi levado a pedido da população que ouviu o choro e latidos a noite toda, durante a segunda-feira (19).

A Semusa fará um Boletim de Ocorrência contra protetores de animais que invadiram o Crevisa na manhã desta quarta-feira (21) e entraram em locais restritos aos funcionários, sem a presença ou acompanhamento de servidores públicos.”