Amanda Quintiliano
Levantamento da Vigilância em Saúde revela que 60% dos focos do mosquito da dengue estão no bairro Nossa Senhora das Graças. Mas, o problema não é exclusivo da região sudeste. Basta olhar de cima dos prédios para avistar terrenos – geralmente no fundo das residências – em estado de abandono da região central. Em um mesmo quarteirão há três, todos com algum tipo de recipiente para proliferação do mosquito.
Uma moradora da Rua Sergipe, que preferiu não ser identificada, é um exemplo de caso confirmado da doença. No prédio dela, não há sinais de que o mosquito tenha partido de lá. Mas, basta olhar da janela de um dos quartos para descobrir onde mora o perigo. Um tanque transbordando de água já esta lá há mais de um mês.
Já foram feitas denúncias na Vigilância em Saúde, mas até agora o dono do imóvel não foi notificado. O problema se repete em outros dois terrenos, também ao fundo do prédio. Em uma das casas mora um agente de saúde que já foi alvo de denúncias e fiscalizações.
Conscientização
A falta de conscientização aparece como uma das principais causas para o aumento de notificações da doença. O último
Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (Liraa) revelou que 94,15% do foco estão nas residências, onde fica difícil do poder público interferir, os 5,85% restantes estão em lotes vagos. Mesmo com as denúncias, há vários obstáculos que dificultam a ação da fiscalização.
A partir da reclamação a notificação é repassada para o supervisor da área. Ele vai até o local e quando o morador está tenta resolver o problema. Quando não há ninguém no imóvel ou não há morador, o fiscal precisa ir à prefeitura identificar quem é dono para só depois notificá-lo.
“A partir da notificação o proprietário tem 15 dias para limpar o terreno e se após esse período ele não cumprir a determinação ele é autuado”, explica o supervisor geral de combate a dengue, Juliano Cunha.
Segundo Cunha, nenhuma denúncia do caso citado acima foi registrada. “Tivemos uma aqui ontem da Rua Maranhão”, conta. O tempo para visitar o local, em média, dura cinco dias.
Prevenção
Para tentar prevenir, uma maneira encontrada pela Vigilância em Saúde foi o bloqueio de transmissão. Funciona da seguinte maneira: a partir da confirmação da doença os agentes de saúde vão até a casa do paciente e com o auxílio de uma bomba lançam o mesmo produto utilizado no fumacê na residência em uma área de 200 metros. A ação mata apenas os mosquitos grandes.
O serviço é prestado apenas para quem teve a comprovação da doença a partir do exame de sorologia. Ao receber a confirmação por meio de um médico particular o paciente deve levar o exame até a Vigilância e requerer o serviço. Já quando o caso é registrado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a notificação é automática.
“Essa é uma forma de prevenção. No bairro Nossa Senhora das Graças, por exemplo, fizemos esse serviço em todos os quarteirões. Mas, o nosso objetivo é orientar os moradores, pois voltamos no local após dois meses e se não houver conscientização o problema não será resolvido”, alerta.
Notificações aumentam 200%
Nesta semana, o número de notificações subiu para 490, com 78 casos confirmados. Deste número, 394 casos ainda aguardam avaliação laboratorial para confirmação, e 17 foram descartados. Se comparado com o mesmo período do ano passado houve aumento de 200% dos casos.
“O pior ano de Divinópolis foi no ano passado como mais de 6 mil casos e duas mortes e já estamos pior do que o ano passado. Se continuar sim vamos ter uma epidemia muito pior”, alerta Juliano Cunha.