Projeção foi apresentada pela Superintendência Regional durante divulgação de ações preventivas e resolutivas no combate a doença

Com 16 mil notificações de dengue só no Centro-Oeste de Minas e quatro mortes confirmadas, as projeções para 2020 são ainda piores. O alerta foi feito pelo Referência do Programa Estadual de Doenças Transmitidas, Dionísio Pacceli na coletiva que apresentou as ações para conter a doença na região, nesta quarta (15).

A projeção foi feita por especialistas do Ministério da Saúde e também da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“Temos os fatores climáticos, os de resistência do vetor aos inseticidas ora usados, temos a participação e compreensão da população, que é parte fundamental na prevenção dos focos deste mosquito e temos também uma questão social, pela qual passa o país hoje, em uma crise financeira. Então, com todos esses fatores somados, há uma previsão pessimista em relação ao ano que vem”, alertou Pacceli.

Preventiva

Com esta projeção e em meio a epidemia da doença, as ações da Superintendência Regional em Saúde tem partido do caráter preventivo e resolutivo.

O número de encontros do Comitê de Arbovirose Regional, onde se deliberam as ações nos municípios foi intensificado – seja do controle vetorial ou propriamente do manejo clínico.

Também foi definida como estratégia a integração da Vigilância em Saúde juntamente com a atenção primária. A equipe vai até ao município e lá são feitas discussões a nível de intensificação nas áreas específicas.

Foram destinados recursos emergenciais na ordem de R$ 2,5 milhões para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Divinópolis, Campo Belo, Formiga, Lagoa da Prata, Nova Serrana, Pará de Minas e Santo Antônio do Monte.

“O recurso poderá ser utilizado para contratação de agentes, para a intensificação da supervisão do controle vetorial, até para a compra de insumos, material gráfico e intensificação assistencial até de corpo clínico para intensificar as assistências nestas unidades”, destacou o superintendente, Alan Rodrigo da Silva.

Crescimento

Em Minas Gerais foram registrados três períodos epidêmicos: 2010, 2013 e 2016. Mesmo com alto número de casos de dengue, o índice ainda não ultrapassa ao registrado nestes anos mencionados.

Segundo o coordenador de vigilância em saúde, Edilberto Flávio, não há um fator único que justifique o aumento da doença.

“É difícil falar os motivos, podemos relatar e entender que o período chuvoso tem se estendido, tem chovido por mais dias e que este panorama de acumulação de inservíveis dentro das residências é um fator contribuinte”, argumenta.

A preocupação está principalmente na conscientização da população. Hoje, 80% dos focos do Aedes aegypti estão nas residências.

“Haja ou não o fator contribuinte climático, se esse panorama se mantiver de acumulação de inservíveis, qualquer pequena quantidade de chuva favorece o aparecimento do vetor, o crescimento dele e o seu desenvolvimento”.

Na região Arcos, Divinópolis, Nova Serrana e Pará de Minas lideram o levantamento de casos prováveis da doença, segundo o último boletim divulgado.