Estou entre aqueles que sempre defenderam que uma simples troca de partido não faria o país melhor. Isso porque, como muitos, entendo que a questão da corrupção na política brasileira é algo sistêmico e possui uma engenharia sofisticada.

 

 

rodrigo (1)

Não demorou quinze dias e esta tese se confirmou, com a divulgação da fala do ministro do Planejamento – que planejava -, Romero Jucá, dando a entender que só outro governo, com suas entradas em outras esferas do poder [entenda-se aí a Justiça] poderia frear a caçada instaurada com a operação Lava Jato.

 Afoita ou não, a fala do ministro justifica, com mais esse elemento, a tese do golpe. Palavra que vem sendo evitada pelos noticiários de determinados veículos de imprensa, até mesmo para não legitimar a justificativa dada pelo governo Dilma para seu afastamento.

Por mais nomes que possa encampar nas suas diligências, não será a Lava Jato que irá moralizar a política brasileira. Pensar assim é um erro como aquele que sustentou a troca de governo como solução pra corrupção. Isso porque ela, a corrupção, é praticamente uma entidade viva que já provou ter a capacidade de se transformar e adaptar-se a circunstâncias.

O início da solução está na orientação do voto e na exigência de uma reforma política consistente, que se não resolver ao menos minimiza a corrupção por aqui. O que é divulgado é uma fração do que já foi para o ralo, e ora e outra uma cabeça é oferecida à degola para que outras se salvem.

Pensar na corrupção apenas sustentada na política é outro equívoco. Há outros atores no mundo econômico e midiático que também tiram proveito dela e iludem a opinião pública, que mais uma vez é feita de massa de manobra.

Enquanto o país estiver disposto na mesma lógica das capitanias hereditárias distribuídas para oligopólios que fazem o que querem para sustentar o seu poder, dificilmente as coisas mudam.

Estamos sujeitos, então, a golpes ideológicos, midiáticos e políticos de toda a ordem, que fazem pouco da nossa inteligência ou acreditam na nossa incapacidade de indignação e mobilização efetiva para cobrar mudanças.

Enquanto esse cenário não mudar, pouca coisa muda na política brasileira. E o país continuará sendo uma piada pronta, em que corruptos pregam a moral e a maioria do povo diz amém.

O tempo do verbo tem que ser a ação.