O divinopolitano quando vai ao supermercado, agora precisa gastar mais para comprar cada vez menos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-sociais (NEPES) da Faculdade Una Divinópolis, na comparação do valor da cesta básica de alimentos em 12 meses, ou seja, entre abril de 2022 e abril de 2021, houve uma variação positiva de 40,2%.
De acordo com o professor universitário e coordenador do NEPES/UNA, Wagner Almeida, o indicador que o consumidor precisa ficar de olho é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA.
“Esse é o índice que mede a alta dos preços no mercado, a famosa Inflação, e afeta diretamente o poder de compra dos trabalhadores. Segundo o IBGE, órgão responsável por calcular e divulgar este índice no país, até o mês de março a inflação acumulava alta de 11,3%. O que significa dizer que o preço de um conjunto de itens vem subindo nos últimos 12 meses”, explica Wagner.
E esta alta de preços é sentida diretamente no bolso do consumidor. Segundo o estudo realizado pelo NEPES/UNA, em Divinópolis, no mês de abril de 2021 o trabalhador conseguia ir ao supermercado e fazer uma compra de itens básicos da alimentação pagando menos de R$ 100. Para esta comparação foram escolhidos 7 dos 13 itens que fazem parte da cesta básica de alimentos, sendo eles: arroz (01 pacote de 5 KG), açúcar (01 pacote de 5 kg), café (01 pacote de 500g), feijão (01 pacote de 1 kg), leite (2 L), óleo (1 L) e carne bovina (01 kg).
“Para adquirir todos esses itens em abril de 2021 o trabalhador pagava em média R$ 99,92. Já em 2022, para adquirir os mesmos produtos e na mesma quantidade o trabalhador precisa desembolsar em média R$ 119,15. O que representa um gasto a mais de 19% no orçamento para adquirir a mesma quantidade de itens”, destaca Wagner.
Cesta em alta
Ainda segundo o levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-sociais (NEPES) da Faculdade Una Divinópolis, o custo médio da cesta básica de alimentos em Divinópolis em abril foi de R$ 621,81. O grupo de alimentos apresentou uma elevação de 4,24% em relação a março, quando o custo da cesta foi de R$ 596,49. Na comparação do valor da cesta em 12 meses, ou seja, entre abril de 2022 e abril de 2021, houve uma variação positiva de 40,2%.
De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Wagner Almeida, dos itens que demonstraram aumento no mês de abril, destaque para a banana-prata (50,13%) e a batata-inglesa (22,54%).
“As chuvas e o aumento da demanda provocaram redução na oferta, o que elevou o preço no varejo. Outras altas também ocorreram no leite integral (5,9%) e na manteiga (4,08%). A menor oferta no campo, decorrente dos altos custos de produção; medicamentos, adubos, milho, soja e combustíveis, e a disputa das indústrias de laticínios pela matéria-prima elevaram o valor dos derivados lácteos no varejo”, explica o professor.
Pelo 3º mês consecutivo, pão francês apresentou alta (4,17%), já que houve redução da oferta de trigo no mercado externo, por causa do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e, internamente, a valorização do dólar em relação ao real fez com que o produto importado chegasse mais caro ao país. Por outro lado, houve redução no preço do tomate (19,64%), do açúcar (2,78%) e do café em pó (0,27%).
A carne bovina seque como o maior peso (37,5%) na composição da cesta básica de alimentos, foram pesquisados os cortes: chã de dentro e chã de fora. No mês de abril foi observado uma alta de 5,14% em relação a março no preço médio do quilo da carne. Um dos principais motivos desse movimento é o aumento nos custos de produção dos animais para abate.
Salário Mínimo
Ainda segundo o levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-sociais (NEPES) da Faculdade Una Divinópolis, para o trabalhador remunerado pelo piso nacional, R$ 1.212,00, o custo da cesta básica em abril foi equivalente a 51% do salário mínimo bruto. Em abril de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 40%. Ao comparar com o salário mínimo líquido, isto é, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador comprometeu em abril, 55% do salário mínimo líquido vigente para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta.
“Estima-se que o Salário Mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.223,83 ou 4,31 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em abril de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 3.724,25, ou 3,38 vezes o mínimo vigente na época, de R$ 1.100,00”, destaca Wagner Almeida.
Com base no valor médio da cesta básica em abril/2022, o trabalhador divinopolitano remunerado pelo piso nacional de R$ 1.212,00, precisou trabalhar 112 horas e 48 minutos, mais que em março quando foi de 108 horas e 16 minutos.
Pesquisa
O Boletim Econômico elaborado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico Sociais (NEPES) da Faculdade UNA Divinópolis, tem como objetivo fazer levantamentos de preços e fornecer informações sobre um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais. A pesquisa desta edição foi realizada entre os dias 22 a 27 de abril com levantamento de preços praticados em 06 diferentes estabelecimentos do ramo de produtos alimentícios de Divinópolis, que possuem em sua estrutura açougue, padaria e hortifrúti.
A metodologia utilizada para a coleta dos dados segue as orientações sugeridas pelo Departamento intersindical de estatística e estudos socioeconômicos (DIEESE). Esta cesta, chamada Cesta Básica de Alimentos, composta por 13 produtos alimentícios, seria suficiente para o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, durante um mês, contendo quantidades balanceadas de todos os nutrientes necessários a manutenção da saúde.