Amanda Quintiliano

 

Há três décadas Divinópolis não houve falar em grandes investimentos. Apesar das várias especulações, como a implantação da Proema, nenhuma se concretizou e a cidade, aos poucos, tem ocupado posições preocupantes em indicadores econômicos. Com a aprovação do projeto da Cidade Tecnológica a esperança ressurge no meio empresarial. Os empresários têm apostado no complexo como forma de elevar a economia do município.

 

A matéria só foi aprovada na última quinta-feira (10) pelos vereadores, após o empresário Antônio Carlos Pereira de Oliveira, apresentar uma série de argumentos e convencê-los que o investimento poderá se transformar no boom econômico nos próximos anos. Antônio Carlos redesenhou o cenário vivido no setor empresarial e mostrou perspectivas desoladoras sem a implantação do complexo. Para ele, essa é a oportunidade de Divinópolis deslanchar.

 

O empresário Antônio Carlos diz que a Cidade Tecnológica pode ser um marco divisor na história de Divinópolis (Foto: Amanda Quintiliano)

O empresário Antônio Carlos diz que a Cidade Tecnológica pode ser um marco divisor na história de Divinópolis (Foto: Amanda Quintiliano)

 

O empresário lembrou que apenas 5% dos CNPJ inscritos na cidade são de empresas de tecnologia, o restante é de lojas, bares e restaurantes, por exemplo. Segundo ele, nenhuma delas se classifica como tecnologia de ponta. A partir da Cidade Tecnológica, ainda de acordo com ele, grandes investidores irão ver o município como potencial para se instalarem. Ainda segundo o empresário, ampliará a renda, pois demandará profissionais qualificados e técnicos.

 

Hoje já há espaço reservados para a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), para o Cefet e está em discussão a implantação da PUC. Os investidores já estariam em negociação com três empresas interessadas em se instalarem no complexo, uma do ramo de laboratório. Nenhum dos nomes foi antecipado para não gerar especulações. Na semana passada, investidores estiveram no terreno avaliando a área.

 

Pênalti

 

Antônio Carlos não arrisca a afirmar que o complexo será a solução para alavancar o potencial de Divinópolis, mas diz o ter como uma aposta. Ele disse que o pênalti foi marcado e que agora há o risco de se acertar ou errar o gol. Ele ainda destaca que os resultados não serão colhidos imediatamente e que pode demorar para eles surgirem na mesma proporção em que houve a decadência econômica da cidade.

 

Divinópolis perdeu importância econômica nas últimas três décadas (Foto: Christyam de Lima)

Divinópolis perdeu importância econômica nas últimas três décadas (Foto: Christyam de Lima)

“O vai dar certo é muito sério. Tem possibilidade”, afirmou e acrescentou: Isso que estou falando não é para depois de amanhã não. O rompimento com a CDI [Companhia de Distritos Industriais] foi em 1977, estamos em 2014, são 37 anos. Então, o rompimento daquela época vem trazendo estrago por 37 anos. Se nós firmamos o convênio com a Cidade Tecnológica talvez a gente reverta o quadro a daqui a 37 anos ou antes disso”.

 

De acordo com o empresário foi a partir do rompimento com a Companhia de Distritos Industriais que a economia da cidade enfraquece-se, perdendo empresas como a Kaiser. A cidade foi perdendo espaço para Cláudio, Nova Serrana e outros municípios. Divinópolis chegou a ser polo siderúrgico, de fundidos e por fim confeccionista. Hoje, estima-se que as confecções caíram de 1,5 mil para 656.

 

“Estamos com a possibilidade de fazer da Cidade Tecnológica um marco divisor, uma divisão da cidade antes e depois dela […] Agora ela precisa ser como uma criança, educada, tratada e dirigida […] Temos grandes chances de mudar este caminho”, ponderou.

 

Recuperação

 

O vereador Marquinho Clementino destacou que essa é a oportunidade de Divinópolis se recuperar (Foto: Amanda Quintiliano)

O vereador Marquinho Clementino destacou que essa é a oportunidade de Divinópolis se recuperar (Foto: Amanda Quintiliano)

 

O vereador Marquinho Clementino (PROS) que foi administrador do Centro Industrial por quase oito anos também destacou a importância do município atrair investidores para equilibrar a arrecadação e a posição de Divinópolis em termos de indicadores econômicos.

 

“Daqui para frente é mudar a realidade do município, realidade que teve um rumo totalmente adverso do que se projetava anteriormente em virtude de maus acordos realizados ao longo dos anos que resultaram no que estamos vivendo hoje, com uma arrecadação em franca queda porque sem recursos não se faz gestão”, disse.

 

A aprovação da Cidade Tecnológica contou diretamente com o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Kaboja (PSL). Seguindo orientação do Ministério Público ele aguardou a aprovação do Plano Diretor para colocar em pauta o projeto, que segundo ele, posicionará Divinópolis, mais uma vez, no topo dos indicadores do desenvolvimento econômico.

 

“A aprovação da Cidade Tecnológica é uma ancora de esperança para o desenvolvimento de Divinópolis. Com a Cidade Tecnológica teremos a oportunidade de colocar o município outra vez nas primeiras colocações do desenvolvimento de Minas Gerais. Vamos gerar emprego, renda e, principalmente, voltar a melhorar a autoestima de Divinópolis”.