“A melhor política social que existe é o emprego, já diriam os liberais, e eu concordo. Só que até que se consiga um emprego bacana, a pessoa vulnerável precisa se alimentar e viver”
Ruas decoradas, praças iluminadas, todo mundo animado para o Natal e o fim de ano. Presentes são comprados, muitas festas e comemorações, muita alegria e animação. Junto com isso, vem o espírito natalino da compaixão e da solidariedade. De repente todo mundo se preocupa com os mais pobres e oprimidos, os que passam fome e necessidade. Pipocam iniciativas de caridade, uma quantidade grande de pessoas se envolve em doações de cestas básicas, de brinquedos para crianças, de trabalhos sociais e voluntários. Mas será que essas pessoas só precisam de atenção e de ajuda no fim do ano? Será que elas não precisam de apoio o ano todo?
Não estou criticando quem faz essas ações, acho bonitas e nobres, também as faço, e faço calada, não fico postando em redes sociais. Como está na Bíblia “que uma mão não veja o que a outra está fazendo”. A questão que eu trago para reflexão é: e se a gente conseguisse manter esse espírito de amor de empatia ao próximo o ano todo? Essa chama acesa poderia mudar muitas vidas. Vou além, se a gente tiver uma legítima preocupação com os mais pobres o ano todo, nossas decisões e ações mudam, inclusive na hora de escolher nossos representantes.
Aquele político em quem pensamos em votar tem realmente uma empatia e uma sensibilidade social? Ele tem propostas para os mais vulneráveis? Tudo isso tem que ser levado em conta na hora de votar. Afinal, o ideal, o nosso sonho, é que ninguém precise dar cestas básicas para ninguém, que as pessoas consigam com seu próprio trabalho se sustentar com autonomia e dignidade.
Precisamos de políticas públicas eficientes de combate à pobreza, precisamos da ação do estado para resolver esse problema.
E é aí que voltamos ao tema do desenvolvimento econômico da coluna anterior, que tratamos na semana passada.
A melhor política social que existe é o emprego, já diriam os liberais, e eu concordo. Só que até que se consiga um emprego bacana, a pessoa vulnerável precisa se alimentar e viver, e também se capacitar e se preparar para entrar no mercado de trabalho.
Eu defendo, acredito, e iria implementar em Divinópolis um projeto de geração de emprego e renda para as famílias vulneráveis que estão hoje recebendo bolsa família. Eu planejava fazer uma capacitação bem feita focada nos temas e áreas que o mercado de trabalho pede. Eu faria isso em parceria com as empresas da cidade e com o CRAS, de modo que faríamos a ponte entre as famílias e o emprego e garantiríamos um bom nível de empregabilidade às pessoas mais vulneráveis.
Além disso, para se ter resultados no combate à pobreza e inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho, o acompanhamento dessas famílias tem que ser intenso, para se monitorar a situação da saúde física e mental de todos, bem como outros fatores que impactam na sua capacidade de trabalhar e ter sua renda de forma autônoma. Eu aprendi, nos cursos que fiz e nas experiências que tive, que a pobreza é multifatorial e complexa. Ou seja, tirar uma família de uma situação de dependência de ajuda não é algo simples, mas é possível, e eu acredito muito nisso.
Desejo que nesse Natal Deus coloque no coração de todos o verdadeiro espírito natalino, de amor, compaixão e misericórdia. O não julgamento, o não preconceito. O espírito do Natal é o de Cristo, que amou a todos sem distinção e acolheu uma mulher que estava sendo apedrejada por ter cometido erros graves. O espírito de Cristo não é de intolerância, autoritarismo, racismo, machismo, egoísmo, vaidade, arrogância e outros tantos males que vemos hoje por aí.
Que o nosso Natal seja lindo e renove em nós a fé, a esperança e o amor, e a vontade de ajudar sempre o próximo, não somente no fim de ano.
*Laiz Soares escreve semanalmente neste espaço.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do PORTAL GERAIS.