Amanda Quintiliano

O clima esquentou durante a votação dos projetos na Câmara de Divinópolis, nesta quinta-feira (21). Um bate-boca entre em representantes de entidades de classe e o vereador Ademir (PSD) causou tumulto.

Tudo começou quando os representantes foram conversar com o parlamentar sobre os projetos que tratam do Imposto Predial, Territorial e Urbano (IPTU) e também queriam explicações sobre as declarações dadas por ele minutos antes. 

Em pronunciamento Ademir releu a carta do médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) anunciando a paralisação e destacando os problemas. Antes de entrar no assunto das matérias do IPTU, ele falou da falta de dinheiro para investimento em saúde. Em seguida, disparou críticas ao setor empresarial.

“[…] Infelizmente o projeto da Planta de Valores que está tentando corrigir uma injustiça social, onde vemos empresários fazendo especulação imobiliária, com mil, quatrocentos lotes pagando uma mixaria, uma ninharia. Temos mais de 28 mil lotes que pagam menos de R$20 de IPTU, bem localizados, com infraestrutura […] Fica esse povo pressionando os vereadores para votar contra […] Será que esses empresários irresponsáveis irão ligar aqui para dar sua contribuição? Ninguém vai dar contribuição se não sair do dinheiro do governo […]”, disparou em pronunciamento.

A conversa entre o vereador e as entidades estava amigável, até que, em um determinado momento a situação saiu do controle. No vídeo da transmissão ao vivo da reunião da câmara é possível ver quando um dos representantes das entidades, exaltado, grita para o vereador “mediar as palavras” ao falar do empresariado.

Quando o tom engrossou, o presidente da Câmara, Adair Otaviano (PMDB) interviu e determinou que o seguranças fossem chamados para retirar os presidentes dos sindicatos do local.

Embate

Antes do episódio, o vereador Edson Sousa (PMDB) chegou a questionar Ademir sobre a declaração dada. Não satisfeito, ele pediu ao presidente da Câmara que concedesse direito de resposta aos representantes das entidades que estavam no plenário.

Adair recusou embasando-se no Regimento Interno, dizendo que não há prerrogativa para abertura de falas durante as reuniões. Em protesto, Edson deixou o plenário. Apesar de dizer que não participaria do restante dos trabalhos, ele retornou em seguida para a votação dos projetos.

Só após estes episódios é que houve o tumulto. Com o bate-boca, Adair paralisou a apreciação de projetos e pediu que os empresários se retirassem. Em seguida, chamou os seguranças. Com todos ainda agitados e gritando, ele ameaçou chamar a polícia.

Vereadores chegaram a sugerir que a reunião fosse finalizada, porém o presidente se recusou e afirmou que não aceitaria que nenhum vereador fosse agredido em plenário.

Final

Quando os representantes das entidades foram embora, ainda durante as votações de projetos em pauta, o vereador Roger Viegas (PROS) chegou a levantar da cadeira, exaltado e declarando ser contra o aumento do imposto, sugerindo que as propostas do IPTU fossem colocadas em votação. 

Rodrigo Kaboja (PSD) também pediu que as matérias sejam apreciadas sem delongas. Afirmou que todos os parlamentares já tem o voto definido e disse saber qual seria cada um deles. Ele ainda ameaçou a listar os nomes dos parlamentares que venderem o voto para o Executivo.

Por fim, o projeto ficou de fora e os vereadores se reuniram a portas fechadas para discutir as propostas. Eles queriam convencer Edson a assinar o parecer da Comissão de Administração para viabilizar as votações ainda este ano. Entretanto, até o fechamento desta matéria não havia definição.

Veja o vídeo: