Com redução dos atendimentos a superlotação da UPA pode piorar (Foto: Amanda Quintiliano)

 

Amanda Quintiliano

O médico Jorge Tarabal indicou ao Conselho Regional de Medicina (CRM) a interdição ética dos médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A medida que pode impedir os profissionais de continuarem trabalhando na unidade será votada no próximo dia 19 de outubro.

A informação foi dada em meio a uma provocação na coletiva de imprensa que apresentou o balanço financeiro e assistencial do Hospital São João de Deus (HSJD). O ofício com a decisão foi entregue ao promotor de Justiça e coordenador do CAOSAUDE, Gilmar de Assis.

Tarabal aproveitou a presença do vice-prefeito, Rinaldo Valério para rebater as negativas sobre a possibilidade de fechamento da UPA. O risco começou a ser ventilado na semana passada quando médicos ameaçaram a parar por atraso no pagamento dos honorários.

Esta semana o fechamento ganhou força com a afirmação do secretário de Saúde, Rogério Barbiere de que se o Estado não pagasse R$10 milhões dos R$44 milhões devidos até sexta-feira (06) a UPA seria fechada. A Assessoria de Comunicação nega a hipótese.

Porém, o médico reafirmou o risco e disse que a partir desta votação deverá ser dado um prazo para o município e demais responsáveis tomarem uma medida para resolver os problemas que assolam a unidade. Isso passa desde a superlotação, falta de água, a atraso de salários.

“A UPA extrapolou completamente seu objetivo. O que ela é hoje? Um hospital? Não é. A UPA tem 10 leitos de observação […] Os leitos na UPA são nos corredores, no chão sem o mínimo de respeito com os pacientes, sem privacidade. Caos! Calamidade! Pacientes morrendo”, desabafou Tarabal.

Ele relembrou o caso do homem internado com encaminhamento de amputação de dedo e que, por fim, perdeu parte da perna após esperar mais de 20 dias pela operação.

“Isso o CRM não pode aceitar. A sociedade não pode aceitar. O ser humano não pode aceitar. Pacientes sofrendo com absurdos. A UPA nunca funcionou direito”, afirmou e acrescentou: “Chega a faltar água. 50 pacientes internados em chão e cadeiras”.

“Faz a gente chorar de desespero. Quem tem um pingo de sentimento e amor, ver aquelas coisas chora […] O que é isso? Estamos vivendo aonde? Numa guerra, na Síria, na Coréia do Norte?”, completou falando em desrespeito.

“Já passou do caos. Aquilo é calamidade. Isso precisa ser resolvido o quanto antes. Não podemos fechar os olhos”, concluiu.

Resposta

Em resposta, Rinaldo Valério reconheceu a calamidade da UPA e disse que sem recursos não há o que ser feito. O governo tentou transferi-la para a região central, porém foi impedida pelo Ministério da Saúde.

“O único ente que está em dia conosco é o Ministério da Saúde. Como que a gente fala que vai mudar? Ele só dá o suporte para aquela UPA, naquela estrutura, e local”, afirmou.

Uma coletiva de imprensa está marcada para esta quinta-feira (05) para falar sobre a UPA.