Amanda Quintiliano

 

O superintendente do hospital, Afrânio Emílio e o diretor da Dictum, Ariston de Oliveira (Foto: Amanda Quintiliano)

O superintendente do hospital, Afrânio Emílio e o diretor da Dictum, Ariston de Oliveira (Foto: Amanda Quintiliano)

As mazelas financeiras e a agonia do Hospital São João de Deus não é novidade. Como noticiado, em primeira mão pelo PORTAL, na semana passada, a crise respingou no plano de saúde da unidade e o Hospital Santa Lúcia suspendeu os atendimentos pelo convênio. Nesta terça-feira (01), a superintendência falou pela primeira vez sobre o assunto, confirmou o débito e disse não haver previsão para o serviço ser retomado.

 

Além da dívida com o hospital, o São João de Deus Saúde acumula débito total de R$ 2,5 milhões também com clínicas que estão abandonando o plano. O diretor da Dictum – empresa interventora do HSJD, Ariston de Oliveira disse que a diretoria irá se reunir com os prestadores para quitar o montante. Isso também vale para o Santa Lúcia. O contrato com a unidade está sendo revisado. Segundo Oliveira, eles discordam de algumas cláusulas.

 

“Ele está dentro dos parâmetros de mercado, mas temos algumas observações para fazer. Nenhuma coisa dessas que a gente assusta. O motivo dele são as finanças, tem outras questões de ajustes, mas é a parte fácil”, justificou Ariston.

 

A discordância não se resume apenas ao contrato do Santa Lúcia. O diretor da Dictum revelou que alguns chegam a apresentar discrepância de 100% entre o valor pago no mercado e o contrato pelo plano. Nem ele e nem o superintendente do HSJD, Afrânio Emílio Carvalho se arriscaram a atribuir a alguém a responsabilidade e evitaram usar a palavra “superfaturamento”. Ambos, apenas disseram que a empresa está “corrigindo as falhas”.

 

“Não temos elementos para falar isso, pelo contrário, se eu propus para você um contrato que você aceitou e assinou, tanto que o hospital não está questionando a dívida, ainda que a gente discorde do contrato, o que eu posso propor é uma rescisão. […] Se o hospital fez por incompetência, por má fé, se tem um contrato ele está amparado, ainda que a gente discorde […] Mesmo que eu assine o cheque com pesar”, afirmou.

 

Se o convênio sofre com superfaturamento, ele também é atingido por contratos com usuários abaixo do mercado. A superintendência também irá revê-los e corrigir as distorções. Uma das alterações é a suspensão de alguns dependentes, como tios e avós. A proposta é dar a opção para migrarem para o plano individual sem as carências e com alguns descontos. Também será dada a alternativa de optarem por outros convênios sem a carência.

 

Fundação

 

Independente dos problemas enfrentados pela instituição, a Agência Nacional de Saúde (ANS) determinou a separação das atividades do hospital com o plano. Nesta terça, o superintendente também anunciou a criação da Fundação Irmão Diamantino (FID) que será responsável pela gestão do convênio. Apesar dos CNPJs distintos, a diretoria será a mesma do São João de Deus.

 

“O nome continua o mesmo, a rede a mesma, o usuário não vai sentir esse processo de mudança. Mas, é importante informar ao usuário a criação de uma nova fundação que é como uma irmã siamesa da Fundação Geraldo Côrrea. As duas andam juntas”, explicou Oliveira.

 

A Dictum também quer fortalecer os serviços prestados. O ambulatório pediátrico previsto para ser aberto nesta terça teve a inauguração adiada para a próxima semana. A previsão é de ao longo dos meses serem implantados, no local, atendimentos cardiológico, ortopédico e neurológico. O plano quer ampliar a assistência dentro da própria unidade.

 

O plano tem 60.012 usuários, 1.354 empresas cadastradas e cobre quatro cidades, além de Divinópolis: Nova Serrana, Lagoa da Prata, Carmo do Cajuru e Itaúna. Ele foi criado em 1990 como AMC Saúde e só em 2006 ganhou o nome de São João de Deus Saúde.