– Olá, quanto tempo, como vão as coisas?
– Indo e você? Tudo tranquilo?
– Vou bem. Apesar da correria, patrão na cola o tempo todo e uma serviçada que nunca acaba.
– É assim mesmo. A gente pisca o olho, a semana acaba, o mês fica curto e o fim do ano já tá logo ali.
– Você tem razão. Tudo muito corrido mesmo e a gente mal tem tempo de respirar. Até parece que a vida é só trabalho.
– Mas você continua a jogar a sua bolinha?
– Cara, nem te conto, o joelho foi para o espaço e depois da cirurgia não joguei mais. Também com esta barriga a única bola que ando dominando é a de carne com algumas cervejas.
– Olha, meu amigo, você já não é mais criança e com essa idade ficar parado vendo a barriga crescer só faz mal é para o coração. Tome cuidado.
– Depois da Cláudia não me preocupo mais com essas vaidades. Se eu deixar de comer o que gosto a terra vai me comer do mesmo jeito. Até lá vou me dando estes mimos.
– Cê que sabe. Mas mudando de assunto, tem visto o João Gustavo? Há uns três anos que não tenho notícias dele. O cara sumiu e ainda me deve uma grana.
– Aquele se deu bem. Empurrou a faculdade de administração até o último período, passou depois de pagar umas cinco matérias e um ano depois se casou com a Beth, lembra dela, a filha do Tião da Construtora. Agora o cara fica lá posando de chefe e gozando do patrimônio da esposa.
– É, meu caro, tem uns que dão mais sorte.
– Sorte?! Não sei se o termo é bem esse, mas quem nasceu para ser formiga nunca vai cantar como cigarra.
– Disse tudo. Bom, já tá na minha hora. Bom te ver por aqui, vamos marcar aquele chope para por toda a conversa em dia.
– Fechado. Vou levar o Zé também. Depois que perdeu o emprego e descobriu que a mulher tinha um amante o cara entrou em parafuso e já perdeu uns 20 quilos.
– Pena, logo ele que deixou de estagiar na China para poder casar. Se deu mal.
– E como. Vou nessa, o celular tá tocando e é do escritório. Um grande abraço, Marco.
– Valeu, Sérgio, a gente se vê por aí, some não.
Rodrigo Dias
jornalistarodrigodias@bol.com.br