Saúde recomenda que população evite sair de casa e que procure unidade de saúde apenas e houver febre, tosse e dificuldade para respirar
Divinópolis é a primeira cidade de Minas Gerais a atingir o nível 2 do coronavírus. O município passa a ser considerado de risco com possibilidades de transmissão local do vírus Covid-19. Em dados atualizados, nesta sexta-feira (13), 12 casos foram registrados, sendo um confirmado, dois descartados e nove em investigação.
Com a mudança de patamar, não são considerados suspeitos apenas aquelas pessoas que chegam de outros países, ou seja, a cidade deixa de ser apenas importadora.
“Como já temos casos positivos e já estamos tendo várias pessoas que já estão com suspeitas, não temos resposta confirmatórias, elas não estão tendo vínculos epidemiológicos com viagem para o exterior. Isso significa que há probabilidade das transmissões locais acontecerem”, explica a coordenador da Vigilância em Saúde, Janice Soares.
Um grupo de enfretamento foi montado pela Superintendência Regional em Saúde para recomendações e orientações. Ele é formado por representantes de todo o Centro-Oeste da rede pública e privada. Paralelo, será montando um comitê próprio do município de Divinópolis que terá papel deliberativo, ou seja, decisório.
Por enquanto, o comitê irá apenas emitir recomendações para a própria prefeitura orientando a suspenderem qualquer treinamento, reunião com mais de 20 pessoas. Por enquanto, a decisão não será estendida a rede privada e nem às escolas. Entretanto, os órgãos pedem que a população evite sair de casas e locais aglomerados.
“Precisamos de alguma forma contribuir para estancar a proliferação do coronavírus e a recomendação é que se evite essas reuniões volumosas […] Neste momento não há recomendação para que se feche escolas. Mas, o nosso grupo de enfrentamento do coronavírus vai avaliar semanalmente, os dados serão atualizados diariamente e aí vamos fazer as recomendações de acordo com a evolução”, explica o secretário de Saúde, Amarildo de Sousa.
“Procure as unidade de saúde apenas em casos de febre”
O pico do vírus na cidade do Centro-Oeste deve ocorrer entre quatro e oito semanas. Com o novo patamar, a expectativa é que os números de casos suspeitos cresçam ainda mais. Entretanto, a orientação é para a população não entrar em pânico e seguir as orientações dos órgãos de saúde.
Quem chegar de áreas de risco, como outros países e até São Paulo assintomáticos, não deve procurar nenhuma unidade de saúde. A médica infectologista, Rosângela Franco Guedes Ferreira recomenda que os pacientes procurem os hospitais apenas se houver sintomas mais agudos como febre acima de 37.8º, tosse, dificuldade para respirar.
“Pacientes assintomáticos ou com poucos sintomas que simplesmente vieram de outro país ou com histórico de contato com essas pessoas não devem procurar o sistema de saúde porque não há risco e nem necessidade de colher material para diagnóstico”, explica, citando que a mesma regra vale para quem apresentar sintomas leves mesmo sem ter viajado ou tido contato direto com quem foi.
Segundo a médica, o risco de quem tem sintomas leves ou nenhum contrair a doença em unidades de saúde ou agravar o caso é maior. Outro receio é com a superlotação das unidades, tirando vaga de quem realmente apresenta quadro grave. Ela alertou que não há testes suficientes para todos que apresentarem sintomas, por isso devem ser priorizados grupos prioritários como idosos, pessoas com algum problema de saúde ou com sintomas mais drásticos.
Rede hospitalar está se preparando
Desde esta quinta-feira (12) o Complexo de Saúde São João de Deus tem intensificado as ações para preparar a unidade. O hospital não é considerado referência pelo município.
“Diante das novas informações da secretaria de saúde, ontem e hoje estamos mobilizando toda a equipe, fazendo a mobilização de kits, separação de leitos para internação, já nos precavendo da possibilidade da chegada mais pesada dos pacientes com coronavírus”, conta o diretor técnico Eduardo Mattar.
Apesar dos esforços, ele destaca a dificuldade em manter o estoque de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os profissionais.
“O hospital não tem a quantidade 100% disponível dependendo da demanda de pacientes que chegarem. Estamos tentando nos preparar da melhor forma possível diante da disponibilidade do mercado”, esclarece.
Uma possibilidade em estudo é a fabricação própria, por exemplo, de máscaras e aventais.
Rede deficitária
O Estado decretou situação de emergência e anunciou algumas medidas. Dentre elas, está a possibilidade de suspensão de cirurgias eletivas para aliviar a rede hospitalar. Hoje, a macrorregião Oeste, segundo o superintendente de saúde, Alan Rodrigo da Silva, está com a rede lotada.
“Para tratar casos graves nós temos uma rede que é para atender a demanda rotineira, temos acidentes, outros agraves como pós operatórios, outras demandas que exigem a retaguarda de UTI. Hoje a nossa rede está lotada. Mas num momento de contingenciamento a gente toma decisões como suspender cirurgia eletiva, exatamente para dar vaga de leito para UTI para atender esses casos”, argumenta.
Para aliviar, 20 leitos de UTI devem ser inaugurados em breve em Santo Antônio do Monte.
Estima-se que das pessoas que irão ser infectadas pelo vírus, 80% não terão nenhum tipo de agravamento, 20% deve apresentar sintomas mais graves e 5% irão precisar de unidades intensivas. O público que apresenta maior risco é de idosos e pessoas com algum problema de saúde, por exemplo, câncer. Crianças, gestantes e adultos tem boa recuperação, segundo os órgãos de saúde.
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