Slep fechou após 35 anos (Foto: Divulgação)

A Confederação Nacional do Comércio afirma que o país enfrenta a pior crise dos últimos 15 anos. Nunca se fecharam tantas portas que geram empregos e movimentam a economia. Divinópolis não está imune a esse cenário. Em menos de uma semana três conhecidas dos divinopolitanos disseram “adeus”.

O Gelu deu um até logo aos clientes (Foto: Divulgação)

O Gelu deu um até logo aos clientes (Foto: Divulgação)

O bar do Gelu, um dos mais tradicionais, afixou cartaz dando “até logo” aos clientes. O último dia de funcionamento foi em 11 de junho. Mas, lá também deixou uma mensagem de esperança: “em breve estaremos juntos novamente”.

Outro caso foi a sorveteria Slep. Após 35 anos funcionando na cidade, na última terça-feira (21), um comunicado surpreendeu internautas pelas redes sociais. De fora do estabelecimento já está a placa de “passa-se este ponto”.

Divinópolis também perdeu a boate Lux Lounge que fechou as portas após seis anos. Nenhuma nota foi divulgada pela empresa. Há rumores de que o alto custo para mantê-la seria um dos fatores, mas o principal seriam impasses entre os sócios.

Lojas

Estes são apenas alguns exemplos do reflexo da crise. Além de espaços de entretenimento, lojistas também têm enfrentado dificuldades. As principais argumentações são o alto custo de aluguéis e peso dos impostos. Faltam incentivos e sobra burocracia.

“O problema do imposto é que não temos contrapartida dele, se tivesse uma carga tributária mas fosse devolutiva com investimentos nas áreas de saúde, educação, estaria certo, mas vai e não tem volta”, afirmou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Rogério Aquino.

Aquino também chama a atenção para a falta de apoio dos líderes políticos do município.

“Há um descrédito total da classe empresarial com nossos líderes. Eles não fizeram nada para que Divinópolis tivesse sustentabilidade. Ai me perguntam, qual a participação deles? Ela é grande. Há quanto tempo não temos investimentos na área?”, desabafa.

Para ele só é possível falar em melhorias após a superação da crise política do país.

Ameaças

Recentemente, como mostrado pelo PORTAL, duas empresas ameaçaram deixar a cidade. O impacto seria de quase mil postos de trabalho encerrados. A dificuldade da Fio de Ouro e da Brasul era ter incentivo para ampliar o negócio. Ambas buscavam a incorporação de áreas aos terrenos delas.

De acordo com dados do Caged, Divinópolis tinha em abril deste ano 12.889 empresas geradoras de emprego e 54.532 pessoas empregadas formalmente.

Esperança

Slep fechou após 35 anos (Foto: Divulgação)

Slep fechou após 35 anos (Foto: Divulgação)

O discurso do presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Afonso Gonzaga é de esperança. Após se reunir com o presidente interino, Michel Temer (PMDB) e com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles ele acredita na recuperação do país nos próximos meses.

“A fala deles é que nós já chegamos no fundo do poço e que não assustemos se nos próximos trimestres voltemos ao patamar do desenvolvimento”, afirmou.

Para ele, Divinópolis não vai “tão mal”. Sem antecipar o nome, disse ainda que uma empresa de grande porte deve se instalar em agosto na cidade gerando inicialmente 150 empregos.

Gonzaga ainda chamou a atenção para as deficiências de gestão que, segundo ele, podem refletir no fechamento.

“São vários quesitos numa gestão que devem ser observados, como atendimento, qualificação e que as vezes não são feitos, por exemplo, em lojas, e que resultam na perda de clientes e no fechamento”, ponderou.

Ele ainda mencionou a burocratização para conseguir licenças para abertura ou até expansão, além dos impasses com fiscalizações que dificultam o funcionamento de empresas.