Quem gosta e acompanha política sabe que 2016 será um ano movimentado. Na pauta do primeiro trimestre esta questão do impeachment da presidente Dilma e da cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que anda enlameado até o pescoço.
O ano de 2016 é também ano de eleições municipais. Novos prefeitos e vereadores serão apreciados e votados por um eleitorado que anda descrente com a classe política.
Outra pauta importante envolvendo a política é a apreciação por parte do Senado Federal do projeto que prevê o fim da reeleição. A matéria foi aprovada na Câmara dos Deputados Federais e prevê extinção da reeleição para os cargos do executivo, ou seja, para prefeito, governador e presidente.
Em vigor desde 1998, a reeleição é apontada por muitos como um sendo mal. Uma nefasta forma de perpetuação no poder de uma pessoa ou de um determinado grupo político. Mais do que dar fôlego aos governantes para efetivarem suas propostas de governo, a reeleição abre campo para negociatas entre aqueles que não objetivam o interesse público e sim o próprio.
Penso que pouco adiantará extinguir com a reeleição para os cargos do executivo se não estender essa possibilidade também para o legislativo. Um poder legislativo corruptível – Câmara de Vereadores, Assembléia Legislativa, Câmara dos Deputados Federais e Senado – é terreno fértil para que as práticas ilícitas continuem a acontecer.
A Lava Jato e outras operações do gênero revelam isso. É grande o número de parlamentares que se corrompem e fazem negociatas. Eles imperam os governos e fazem com que as leis e ações importantes não avancem na velocidade do interesse público.
Por ser assim, entendo que a reeleição deva ser também extinguida para os cargos do Legislativo e sem a possibilidade de eleição cruzada, ou seja, um político que hoje é deputado estadual amanhã poderá ser deputado federal ou até mesmo senador.
Radical? Acredito que não. A política brasileira deve aproveitar esse momento para se depurar. Oxigenar as câmaras, assembleias e senado é impedir que se construam feudos em torno de parlamentares que exercem o mandato por cinco, seis ou até mais vezes consecutivas.
Cara nova a cada legislatura é uma forma de evitar que os velhos esquemas de sempre contem com quem aparelha e sustenta e circulo vicioso. Depurar a política é tratar o mal pela raiz por mais que o remédio seja amargo.
O momento para atitudes assim é agora. Não se trata de expurgar partido A ou partido B, mas de moralizar a política brasileira que vem se consolidando como um grande balcão de negócios com ramificações aqui e em outras partes do globo.
Se for para acabar com a reeleição então que façam o serviço direito. Sem deixar brechas para a corrupção se instalar e se reinventar. Apesar de toda confusão na política, se houver gestos de boa vontade em resolver de vez os problemas, 2016 tem tudo para ser um bom ano que se refere a esta temática.
Sonhemos e torcemos para isso.