Rodrigo Dias

Beijo lésbico na terceira idade, reacionários, fascistas, corrupção e manifestação. É muita informação para o brasileiro comum digerir num curto espaço de tempo. Temas variados e polêmicos estão na ordem do dia e todos, de alguma forma, se sentem compelidos a falar a respeito deles.

Quanto mais se retém informação, maior o horizonte de uma pessoa. Isto é fato. Mas nem todo mundo está num mesmo estágio para compreender todas as mensagens que chegam diariamente aos ouvidos. E talvez o problema maior nem seja a mensagem em si, mas o que há nas entrelinhas.

Se de um lado a mensagem é superficial, do outro tem um receptor sonolento que não tem a preocupação de se aprofundar nos temas. Os assuntos são discutidos, defendidos ou combatidos de forma rasa. Há, na verdade, pura propagação e só.

Nada parece somar. Cria-se uma nuvem de informação e argumentos que prejudicam o foco. E a verdade parece cada vez mais longe de ser vista e entendida.

A verdade das coisas não está na superfície, por mais reluzente que seja o objeto que está à vista. A verdade das coisas está na raiz. Chegar até lá demanda tempo e reflexão. Situação que não casa com o espetáculo em que boa parte das vezes se tornou a exposição das mensagens.

Da dramaturgia ao telejornal tudo tem um rito, uma espécie de espetacularização. É a informação perdida em meio ao entretenimento e ao sensacionalismo. Se não bastassem esses dois fortes adereços a informação agora, por mais séria que possa parecer, vem carregada de uma passionalidade leviana. Regida por interesses comerciais ou ideológicos para este fim.

É mais oportuno, por exemplo, sugestionar as pessoas a falarem em suas vidas cotidianas de um beijo lésbico do que dos nomes dos astros, empresários e políticos que estão enrolados com suas contas no HSBC lá na Suíça.

É mais fácil abater um governo já ferido e atribuir a ele toda culpa de um lamaçal de corrupção do que entender que ela, a corrupção, é fruto de um sistema político corrompido, que não promove esforços expressivos para se renovar.

A informação do jeito que nos chega hoje é pasteurizada. Feita para o consumo rápido e de digestão imediata. Possui poucos efeitos colaterais. Na verdade, esses efeitos colaterais são típicos da informação que soma. Aquela que deixa o sujeito inquieto.

Estamos conectados, com tanta informação, mas ainda bem desinformados.