O clínico geral, Dr. Michel Fiúsa conta como se prevenir contra a doença e como agir em caso de contaminação do carrapato
Júlia Sbampato
Como diferenciar a febre maculosa de outras doenças como Dengue e Zika? É preciso correr para o pronto atendimento assim que achamos um carrapato no corpo? O doutor Michel Fiuza explica para o Portal um pouco mais sobre o assunto.
Sintomas
De acordo com o Dr. Michel Fiuza no início da febre maculosa os sintomas são febre alta, geralmente acima de 38º, uma dor intensa no corpo associado a uma forte dor de cabeça, vômito e diarreia.
“Então são sintomas muito inespecíficos, que se parecem com muitas doenças viróticas e bacterianas, como por exemplo a Zika e a Dengue, são sintomas inicias que podem até confundir entre as várias doenças”
Então, como diferenciar das outras doenças?
Apesar da possível confusão de sintomas nos dois a três primeiros dias, após esse período nos casos de febre maculosa o paciente começa a apresentar uma exantema maculopapular, que são as manchas vermelhas pelo corpo.
As manchas, segundo o médico, geralmente começam pelo tórax e membros inferiores e depois se espalham por todo o corpo. Ao contrário dos casos de Dengue e Zika, que causam pequenas manchinhas, na febre maculosa as manchas vermelhas são grandes.
Outro ponto importante na identificação da doença é o fato do paciente ter encontrado algum carrapato no corpo. Caso a pessoa tiver passado por algum lugar considerado de risco de infestação, a preocupação deve ser ainda maior.
Transmissão
Dr. Michel explica que a transmissão é causada pelo carrapato que está infectado com a bactéria Rickettsia rickettsii.
“Essa bactéria tem que estar no carrapato, principalmente no chamado carrapato estrela, aquele do cavalo. Se a pessoa entrar em uma área que tenha, uma área endémica, e o carrapato pique a pessoa, ela pode ser contaminada”, conta Fiúsa.
Mas o médico atenta que apenas a picada não gera a contaminação da doença. Para contrair de fato a febre maculosa, o carrapato precisa, além de estar com a bactéria, também estar no corpo da pessoa de no mínimo 4 a 6 horas.
Diagnóstico
O diagnóstico é basicamente clínico. Caso o paciente esteja nos quadros sintomáticos, ele deve contar para o profissional que encontrou um carrapato no corpo e naquele momento já inicia uma profilaxia.
“Porém, a gente não vai fazer um exame para iniciar um tratamento, o exame é feito para epidemiologia local, porque existem dois tipos para descobrir se a pessoa tem febre maculosa: procurar anti corpos no sangue da pessoa contra a bactéria – que gastam de 7 a 10 dias para começar a aparecer. E o outro jeito é procurar a própria bactéria. Por exemplo, se a pessoa aparece já com as manchas muito grandes no corpo, você vai lá e faz a biópsia daquela lesão e manda para o laboratório. O patologista vai procurar a bactéria naquela lesão, se encontrar, tá feito o diagnóstico.”
E como tratar?
Como o resultado do diagnóstico pode demorar alguns dias, o tratamento se inicia com suspeita clínica e sabendo se a pessoa esteve ou não esteve em área endemica em contato com o carrapato.
O tratamento da doença é feito com antibióticos. A recomendação é que quanto mais rápido o paciente procure pelo profissional da saúde, melhor a chance de cura.
“No início do tratamento a chance de cura é quase 100%, mas se for atrasando, a chance inverte. Uma pessoa que já chega com 7 a 10 dias de evolução, com marcas grandes e sangramentos, a chance de óbito pode chegar a até 80%”.
Apesar disto, o médico ressalta que apenas encontrar um carrapato no corpo não é motivo para correr para o pronto atendimento. Como nem todos estão infectados com a bactéria, é melhor esperar os sintomas começarem a aparecer – geralmente após dois dias de contaminação – para buscar atendimento médico.
Precauções
Para o médico, a melhor medida para prevenir a doença é evitar locais com mato e a presença de animais silvestres. Cavalos, bovinos, capivaras e até mesmo animais domésticos podem ser hospedeiros do carrapato, portanto todo cuidado é pouco.
Em casos específicos nos quais a pessoa não pode evitar tais lugares, a dica é de usar roupas de proteção, como blusas de manga longa, calças compridas, luvas e botas. Outra dica importante é usar de preferência roupas brancas, pois assim fica mais fácil de identificar um carrapato subindo pelo corpo.