Proposta é para que sejam instalados detectores de metais em todas as instituições municipais de Divinópolis (Foto: Reprodução Google Maps)

Para ativistas educacionais pauta deve ser discutida junto com ações de implementação da “cultura da paz”

O vereador de Divinópolis Flávio Marra (Patriotas) quer que sejam instalados detectores de metais em todas as instituições de ensino municipais. O projeto que foi protocolado, nesta quarta-feira (5/4), mesmo dia do ataque à creche em Blumenau (SC), divide opiniões.

O parlamentar alega que a medida é para ajudar a ampliar a segurança nas escolas.

Quatro crianças morreram na tragédia em Santa Catarina e outras cinco ficaram feridas. Um jovem, de 25 anos, foi preso pelo crime. O caso aconteceu duas semanas após um estudante, de 13 anos, matar a facadas uma professora em uma escola de São Paulo (SP).

“Sem prejuízos, mas ineficiente”

Para o presidente do Conselho Municipal de Educação, o professor José Heleno Ferreira a proposta não causa prejuízo, porém não é “eficiente”. “É ineficiente porque temos visto que os casos de violência que acontecem nas escolas nem sempre as pessoas passam pelos portões. O caso mais emblemático é o de Santa Cataria em que ele pulou o muro”, avaliou.

Ferreira defende ações que incentivem a “cultura da paz”. “Não adianta transformar as escolas em locais de segurança máxima. Não é isso que vai resolver. Precisamos debater, seriamente, a violência na sociedade de modo geral e combater o discurso de ódio. A violência está instalada em todos os espaços da sociedade. E a escola é um microcosmo da sociedade brasileira”, opinou.

“Trabalhar a causa”

Presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais e ex-secretária de Educação de Divinópolis, Valéria Morato defende a ampliação da segurança das escolas, ao mesmo tempo em que se deve “trabalhar a causa” da violência.

“Qualquer medida de segurança é extremamente importante e válida. Entretanto, é responsabilidade da sociedade como todo descobrir a causa da violência contra a instituição escola que é onde acolhe os seres informações. Por que essa ira contra o ambiente escolar, contra crianças?”, avaliou.

“Discussão com a comunidade”

Ativista educacional há 30 anos, Maria Cataria Labore fala em envolver a comunidade escolar na construção do projeto. “Tenho ressalvas se essa pauta não for construída envolvendo trabalhadores na educação, a comunidade escolar e o aluno de todas as idades”, afirmou. Para ela, o investimento que deverá ser empreendido poderia ter outras finalidades.

“Preferia que investissem em educação no município de forma que quem está lá dentro torna-se sujeito da sua história. Esse tipo de investimento que eles acham que é gasto, eles não querem fazer”, completou.

O projeto será lido no expediente da reunião de terça-feira (11/4). Antes de ir à plenário para votação, precisa passar pelas comissões pertinentes.