Com as cirurgias de urgência e emergência ainda suspensas no Hospital São João de Deus a Unidade de Pronto Atendimento (UPA – 24 horas) de Divinópolis precisou elaborar um plano “B”. A unidade dará retaguarda ao hospital até a normalização do serviço. A própria equipe da UPA com a contratação de um médico exclusivo para atender caso necessitem destes procedimentos cirúrgicos.
A equipe da UPA irá se deslocar até o São João de Deus com o paciente e utilizará a estrutura, como sala cirúrgica, Centro de Terapia Intensiva (CTI) para realizar a cirurgia. A medida é apenas paliativa já que a própria unidade não tem pessoal suficiente diante da demanda. Por dia, são atendidas cerca de 350 pessoas na UPA, entre 5 e 6 são casos de emergência e 30% deles precisam de intervenção cirúrgica.
“Até que o hospital organize outra equipe para que haja substituição a gente organizou na UPA uma escala. Se surgir algum caso, nós subiremos com um médico que está sendo contratado especificamente para casos de emergência e ele fará o procedimento”, explica o diretor da UPA, Marco Aurélio Lobão.
Paralelo a isso, a Procuradoria do Município impetrou, junto a Vara de Fazendas Públicas, ação com pedido de tutela antecipatória para determinar ao hospital o acolhimento dos pacientes em estado de urgência ou emergência que necessitem de atenção cirúrgica imediata. O receio é que o serviço sofra descontinuidade e consequente desassistência com risco de morte.
O São João de Deus tem um contrato de prestação de serviços com o SUS que está em vigência no período de 2014 a 2019. Este contrato prevê a realização das quatro clínicas básicas de assistência a saúde, sendo uma destas a clínica cirúrgica. Em nota, o município disse que os repasses estão em dia. Em maio foram transferidos R$ 4.828.847,54.
Déficit de leitos
Este é apenas um dos problemas da UPA. A unidade está estrangulada. Ela funciona acima do limite da capacidade desde a inauguração. Isso é reflexo de um parque hospitalar deficitário. São 0,5 leitos para cada mil habitantes quando o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 3 a 5. Além de Divinópolis, são recebidos pacientes de São Sebastião do Oeste, São Gonçalo do Pará e Carmo do Cajuru.
“A gente já vive uma situação constante de gerenciamento de crise. A UPA é penalizada por muitas situações que não cabe a ela resolver. O que está ao nosso alcance a gente sempre faz e atende os pacientes”, afirma Lobão.
HSJD
A recuperação do São João de Deus é uma das etapas para tentar normalizar o sistema hospitalar da região e desafogar a UPA. A superintendência do hospital aguarda pela recontratualização. Na prática isso significaria pagar mais pelos procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O novo contrato está em discussão desde janeiro, mas ainda não deixou o papel.
Inicialmente seriam necessários cerca de R$ 16 milhões para eliminar o déficit anual, entretanto o Estado ofereceu R$ 6,45 milhões, R$ 1,45 milhão a mais que o pago normalmente. A superintendência do hospital recusou e disse que o montante não era suficiente. Agora, uma reunião será agendada para que o Estado e o São João de Deus entre em um acordo. Pode ser que ele concorde com o valor oferecido.