Concessionária diz que reajuste do diesel agrava situação “já dramática” das empresas e diz que pediu ajuda à prefeitura
A Petrobras anunciou nesta terça-feira (28/9) que aumentará o preço médio do litro do diesel em 8,89% a partir de amanhã na venda às distribuidoras. O aumento colocou as concessionárias do transporte coletivo, que já pediam socorro, ainda mais em alerta.
O presidente do Consórcio TransOeste – responsável pelo serviço em Divinópolis, Felipe Carvalho afirmou hoje que o reajuste agrava “a situação já dramática”. O valor sobe, com a medida de R$ 2,81 para R$ 3,06.
“No início do ano o valor pago pelas empresas no litro do óleo diesel era 2,71. Hoje estamos pagando R$ 4, alta de quase 50% no principal custo dos serviços”, comentou.
Outro problema é citado por Carvalho. Mesmo com as flexibilizações das atividades econômicas, a queda de passageiros, devido a pandemia da Covid-19, ainda gira em torno de 30%.
“A maioria das cidades brasileiras estão buscando alternativas pra amenizar a crise no transporte público.
Algumas cidades desoneraram impostos como o ISS, além de custear as gratuidades das pessoas com deficiência e dos idosos. São maneiras de evitar o reajuste das tarifas que pesa cada vez mais no orçamento das famílias”, comentou.
Em Divinópolis a tarifa do transporte coletivo não foi reajustada e a concessionária protocolou diversos requerimentos de recomposição.
“Requerendo o custeio das gratuidades, a desoneração do ISS ou o aumento da tarifa, ainda sem respostas do poder público”, citou.
Capacidade tributária
Em nota, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Divinópolis disse que qualquer ajuda depende de uma decisão do Governo Federal. Neste caso, caberia ao governo federal subsidiar os municípios para socorrer as empresas.
“Uma vez que o município não possui recurso suficiente para realizar esse repasse. Então, sem a ajuda do Governo Federal será impossível realizar esse repasse, a questão não é querer realizar ou pretender atender algum pedido e sim de capacidade tributária”, alegou.
Impacto
De acordo com o presidente-executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) Otávio Cunha, em quase um ano e meio de pandemia o setor acumulou um prejuízo de R$ 16,7 bilhões e saída urgente é buscar auxílio financeiro para assegurar a manutenção do serviço tem todo o país.
“O sistema está à beira de um colapso, em xeque. Os operadores estão prestando serviços com recursos próprios, acumulando prejuízos, o que é o absurdo dos absurdos. Se as soluções não forem implementadas, a tendência é devolvermos esses serviços ao poder público”, afirmou o presidente, lembrando que o Governo Federal tem se mantido ausente desse debate há muitos anos e que nem mesmo a pandemia foi capaz de reverter isso.
Para Cunha, o modelo de transporte público atual está falido e a única solução é criar um marco legal para o setor e implementar soluções definitivas.
“Falamos com todas as associações relacionadas ao transporte coletivo urbano sobre medidas para reverter essa situação”, informou.
Ele citou a parceria com o setor de trilhos, por meio da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).
“Nossa proposta, coordenada pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), é um projeto de novo marco legal de mobilidade urbana coletiva multimodal. Apresentamos essa sugestão para debate em dezembro de 2020. A nossa intenção foi ampliar a discussão desse documento com toda a sociedade para o aprimoramento do transporte coletivo urbano no Brasil. Mas, infelizmente, não tivemos respostas do governo federal”, destacou