Diego Henrique
Divinópolis completa 104 anos com um desafio: reduzir o índice de criminalidade. São muitas as histórias de moradores mais antigos que tinham o costume de sair e deixar a casa aberta, sem se preocupar com roubos. Porém, essa realidade mudou. No mês de janeiro deste ano, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) registrou o maior índice de roubos consumados desde janeiro de 2012. Ao todo foram 233 casos.
O que antes era registrado somente em capitais tornou-se realidade interiorana. A violência não dá trégua nem nos pequenos distritos, como em Santo Antônio dos Campos, conhecido como Ermida. A aposentada Maria Aparecida, de 55 anos, foi criada na roça com costumes que hoje já foram deixados de lado.
“Quando me mudei para Ermida eu podia sair e deixar a casa toda aberta. O nosso medo era somente dos animais. Hoje não temos segurança, nem liberdade dentro da nossa própria casa. A população aumentou, mas a segurança não. Muitas pessoas saem hoje para trabalhar e não sabem se vão voltar com vida”, disse a aposentada.
Se em bairros que antes eram considerados tranquilos a violência tem crescido, no Centro da cidade não poderia ser diferente. A agente de registros Jayne Aparecida, precisou colocar grades na sala em que ela trabalha após criminosos invadirem o prédio e furtar objetos de escritórios ao lado.
“Eu cheguei para trabalhar e a sala ao lado da minha estava aberta e todo o material estava revirado. Eu não consigo trabalhar com a grade aberta, a sensação de insegurança é muito grande. Nós nos tornamos reféns da violência. Hoje em dia o ladrão veste terno e gravata. Identificar um criminoso se tornou tarefa difícil,” explicou.
Reflexo do país
O delegado regional destaca o aumento da criminalidade em todo o país (Foto: Diego Henrique)
Só para se ter ideia, quando comparado os registros de roubos consumados dos quatro primeiros meses deste ano, com o mesmo período do ano passado, os dados mostram um aumento de 66%. Índice que reflete o Estado e o país. O delegado regional, Fernando Vilaça afirmou que essa onda de crescimento se repete de canto a canto do Brasil.
“O aumento no número de ocorrência é um reflexo da situação financeira que o país tem enfrentado. Nós temos trabalhado com toda nossa equipe e ferramentas disponíveis para coibir o aumento da violência na região. As consequências do nosso trabalho mostram que o número de prisões aumentou e muito nos últimos anos”, afirmou o delegado.
Acasp
A PM tem focado em operações regulares (Foto: Divulgação/PMMG)
No intuito de alertar, ajudar e instruir a população, o município conta com a Associação Comunitária Para Assuntos de Segurança Pública (Acasp) que hoje desenvolve projetos como a Rede de Vizinhos Protegidos. Outra ação são as reuniões semanais para que assuntos relacionados a segurança possam ser discutidos e soluções apresentadas pelos órgãos da área e também pela comunidade.
Segundo o presidente da associação, José Levi, é importante que uma mudança seja realizada para que a polícia e o judiciário possam atuar com mais autonomia.
“A legislação tem muito a ver com o aumento da violência. Hoje a penalização é mínima em relação a crimes que estão ligados ao uso e o tráfico de drogas. O sistema penal muitas vezes não ajuda porque não recupera o infrator. A mudança deveria começar pela legislação, uma legislação que dê mais poder a justiça e ao judiciário”, finalizou.
A Polícia Militar (PM) tem focado em operações regulares no combate à criminalidade. De acordo com dados divulgados na semana passada, o índice de roubos caiu cerca de 17% nos 45 bairros que fazem parte da 53ª Cia da Polícia Militar de Divinópolis. A implantação do Olho Vivo foi outra contribuição que chegou a levar a redução de crimes.
