Unidade busca se preparar para o pico esperado pelo governo do Estado; Para coordenador, empenho dos governos é essencial
Com reserva de leitos de segurança, a preocupação do hospital de campanha, em Divinópolis, é com a dificuldade na aquisição de medicamentos para o enfrentamento à Covid-19. Ainda com estoque, a unidade tem travado uma corrida contra o tempo para se precaver caso se concretize a previsão da Secretaria de Estado de Saúde (Ses) de atingir o pico nas próximas semanas.
A principal dificuldade é com a aquisição dos sedativos para entubar os pacientes em estado mais grave.
“Às vezes encontra em pequeno estoque, mas os fornecedores pedem de 15 dias a dois meses, porque eles vão fazendo uma reserva de mercado, tem um lote, divide 20 para cada hospital”, explica o coordenador do hospital de campanha e da Unidade Pronto Atendimento, o médico Tarcísio Teixeira de Freitas.
Enquanto não há uma solução a curto prazo, a unidade tem feito substituições.
“Se a gente não acha um relaxante, usa outros medicamentos”, conta.
Por enquanto, a situação ainda está sob controle.
“Mas, se no futuro se deflagrar o cenário que está para acontecer vai gerar decréscimo para a assistência porque não terá sedativo para manter o paciente sedado para adaptar a ventilação mecânica. Vai ter a ventilação, o leito e não vai ter o medicamento”, explica.
Empenho dos governos
Para o médico, a alternativa para evitar o impacto na assistência é o empenho em conjunto dos governos federal e estadual.
“Vai ter que se tomar medidas como foi feito dos respiradores, importação e busca ativa nos estoques destas empresas”, explica.
Um dos receios é de que os fornecedores estejam segurando os produtos.
“Às vezes a empresa tem estocado, às vezes esperando um superávit de preço, não sei, sinceramente. Mas a única medida seria esse apoio dos governos”, comenta Freitas.
O aumento de casos no Estado refletiu no hospital de campanha de Divinópolis. Antes, referência apenas para oito municípios, hoje, ele recebe pacientes da macrorregião e de outras partes de Minas Gerais, como Betim, na região metropolitana.
A demanda acende o sinal de alerta.
“Preocupação porque não sabemos como o cenário irá desenrolar, as vezes minha capacidade não dê para Divinópolis, quem dirá para estender para a macro. Mas temos, primeiro, que pensar no paciente. Enquanto estou tendo vaga, para salvar vidas, não estamos medindo esforços”, disse.
A macrorregião Oeste é composta por 54 cidades.