Foto: Jornal Estado de Minas

Amanda Quintiliano

A divinopolitana Rhuanna Laurent Silva Ribeiro, de 19 anos, aluna do primeiro período de medicina na UFMG, se viu em meio a uma polêmica dos últimos dias. Ela aparece em uma denúncia feita pela Folha de São Paulo de alunos brancos que autodeclaram negros, pardos ou índios para se beneficiarem das cotas raciais da universidade.

O pai da jovem, o advogado Gilberto Silva nega que a filha tenha burlado o sistema para ingressar na UFMG. Ao PORTAL ele conta que a estudante sempre se declarou parda por haver descendência negra e de índio na família. O avô dele era negro e o pai moreno. A mãe dela é morena, e segundo o advogado, é descendente de índio.

“Estivemos na universidade e não há nenhuma denúncia em relação a ela lá e nem nenhuma irregularidade, primeiro porque é uma autodeclaração, segundo que basta olhar para ela para ver que ela é parda”, argumenta Silva.

Ao Jornal Estado de Minas Rhuanna disse ter si declarado parda por ser parda, reforçando as afirmações do pai dela.

“Descendo de negros e índios. Esta é a minha etnia, o meu contexto familiar. Nunca me autodeclarei negra”, disse ao jornal.

Quando o candidato se autodeclara negro, pardo ou índio no sistema da UFMG, concorre a uma vaga dentro do subgrupo que se colocou [são quatro variações na universidade]. As notas de corte para cotistas chegam a ter 28 pontos a menos no Enem do que na ampla concorrência.

Abatida

Desde que a notícia foi veiculada pela Folha de São Paulo no último domingo (24) a jovem não tem ido a aula. Com medo da reação da filha, os pais a convenceram a passar por tratamento. A própria universidade tem dado apoio com psicólogo.

“O que estamos passando não desejamos a ninguém, a filho de ninguém. Ela cogitou a abandonar os estudos. Essa menina estudava de manhã, de tarde, a noite. Tirou 920 na redação para chegar lá e receber esse tipo de ataque”, desabafou o pai.

Silva ainda descartou a possibilidade dela perder a vaga na universidade.

“Eles disseram que isso não deve acontecer. O semestre já está correndo, já passou o período de chamar a lista de espera. Se ela sair essa vaga vai ficar lá sem poder ser substituída”, alega.

Universidade

À Folha de São Paula a informou “que pretende aprimorar o controle de acesso em suas ações afirmativas a partir do ano que vem e que uma comissão de sindicância analisa todas as denúncias formais de possíveis fraudes em cotas”.

A universidade não revela quantos casos estão em análise, mas declara que, se constatada fraude, o aluno terá sua matrícula cancelada. Os trabalhos de investigação estão em fase final.