Fisioterapeuta premiada traz um novo olhar sobre o tratamento de traumatismo craniano
Ayllana Ferreira
Natural de Divinópolis, Aline Miranda, fisioterapeuta, pesquisadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais é vencedora do prêmio Para Mulheres de 2019, e traz um novo olhar sobre o traumatismo craniano no Brasil.
Segundo a especialista, há dois tipos de lesões recorrentes do trauma. Separados em primárias e secundárias, no primeiro caso, podem causar fraturas nos ossos ou rompimento de vasos sanguíneos, geralmente são perceptíveis logo após o acidente. No segundo caso, os efeitos podem aparecer muito após, causando inflamações cerebrais que resultam em sequelas graves, como perca de memória, depressão, ansiedade, entre outros.
Quando uma pessoa sofre uma lesão na cabeça, é muito comum, em um primeiro momento, ser levada para o hospital. Lá, em virtude da urgência e da necessidade de resultados rápidos, o paciente é liberado sem passar por todos os procedimentos necessários. Muitos saem do atendimento sem ter feito todos os exames para compreender a gravidade da situação e os seus impactos nos próximos dias, meses ou ano de vida do paciente. Como resultado, acaba por agravar ainda o quadro.
A justifica da pesquisa sobre traumatismo cranioencefálico surge justamente nesse segundo cenário: analisar as lesões que surgem a longo prazo, compreender seus impactos para a saúde do paciente e aprender a lidar e tratar.
A Pesquisa Premiada
A ideia da pesquisa surgiu a partir das experiências de observação da Pesquisadora no Hospital de Pronto-Socorro João XIII, em Belo Horizonte. Ainda que o Centro Médico seja referência em tratamento de trauma, recebendo os mais variados casos e complexidades de lesões, falta o acompanhamento dos pacientes após atendimento imediato.
Por ser um hospital de urgência, que atende desde queimaduras à casos de necessidade cirúrgica com risco de morte, o Hospital não consegue executar um acompanhamento à longo prazo das vítimas de traumatismo cranioencefálico, e esse acompanhamento, segundo a especialista, é de suma importância para evitar sequelas.
Posto isso, a pesquisadora propõe a criação de um ambulatório, associado à UFMG, em que os pacientes consigam esse tipo de tratamento e outros especializados conforme a necessidade do caso.
No Brasil, as pesquisas sobre o traumatismo cranioencefálico são escassas. Conforme Aline, os dados mais recentes são registrados no DATASUS, Departamento de informática do Sistema único de Saúde do Brasil, de 2008 a 2012. O estudo traria mais informações, mais visibilidade para o tema e permitiria o desenvolvimento de terapias e medicamentos, alguns já em circulação no mercado, para a redução dessas sequelas que até o momento, não possuem cura.
Para Mulheres 2019
“O prêmio tem aberto portas importantes e representa uma voz importante no cenário atual em que a pesquisa, nós cientistas e as Universidades, em especial as públicas, estão sendo tão desvalorizados”, explicou.
A pesquisadora fala sobre a importância da premiação para trazer visibilidade e compreensão ao tema. Por ser uma mulher jovem, em um mercado normalmente composto por homens mais velhos, ela conta sobre os desafios e batalhas que enfrenta todos os dias para se solidificar no Mercado e receber o seu devido valor.
“Me sinto extremamente feliz e honrada em ter meu trabalho reconhecido por um prêmio dessa magnitude voltado para o empoderamento feminino”, completou.