Amanda Quintiliano
Três dias depois do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que livrou o presidente Michel Temer (PMDB) da cassação, a cúpula do PSDB decidiu permanecer na base aliada do governo. Apesar da decisão, o presidente da legenda em Minas Gerais, o deputado federal, Domingos Sávio (PSDB) se manifestou contrário.
Ele foi vencido pelo voto da maioria. Com a afirmação de que o momento requer “responsabilidade e prudência”, ele disse que o PSDB deveria abrir mão dos cargos no governo Temer.
“Não votamos no Temer e não tenho nenhuma simpatia ou afinidade com o governo do PMDB, especialmente considerando as lideranças nacionais PMDB, que estão no governo ou liderando o partido”.
O tucano reconhece o papel do partido no impeachment de Dilma Rousseff (PT). Disse que não há motivos para arrependimento e que fizeram “bem ao país”.
“O problema é que quem puxa o coro de fora Temer são aqueles que nos chamam de golpistas e querem aprofundar a crise fazendo apologia ao “Volta Lula”. Eu estou entre os que não querem nem Temer nem Lula. Porém, antes de gritar “fora Temer”, o PSDB tem que preparar o dia seguinte, ou pelo menos saber o que propor ao país”, defendeu.
O presidente estadual da sigla defendeu a saída dos ministros e ao mesmo tempo a liderança de um pacto nacional pelas reformar.
“Não devemos nos unir ou nos igualar ao PT e seus aliados, que apostam no quanto pior melhor. Proponho ficarmos fora do governo, mas apoiando as reformas no Congresso. Cabe ao judiciário julgar as acusações contra Temer. E que ele naturalmente exerça seu direito de defesa”.
Nova fase
Com o discurso de “inaugurar uma nova fase política”, ele disse que desta forma o PSDB apoiaria “a governabilidade para assegurar a implementação de reformas necessárias e para tirarmos o Brasil desta grave crise, mas sem cargos, sem toma lá dá cá. Assim, teríamos isenção e legitimidade para liderar a proposta de um pacto nacional a ser implementado, ouvindo o clamor da sociedade e mantendo uma agenda que, além das reformas, mantenha total apoio ao combate à corrupção, mas sem os exageros de abuso de autoridade que já sinalizam para o descrédito também do judiciário e Ministério Público”.
A minoria se viu na obrigação de acatar a decisão da maioria do ninho tucano. Entretanto, não está descartada a possibilidade de se reunirem novamente para definirem sobre a permanência no governo.