Geraldo Passos é apontado como dos envolvidos no caso investigado (Fotos: Helena Cristino/CMD)

Geraldo disse que minuta de decreto de nomeação foi encaminhada ao denunciante por WhatsApp

Marcelo Lopes

O jornalista e editor do blog Divinews, Geraldo Passos, foi ouvido, nesta quinta-feira (23), pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga indícios da prática de atos lesivos ao interesse público por parte do Poder Executivo após vazarem áudios com suposta negociata de cargos públicos. A oitiva foi realizada no plenário da Câmara Municipal de Divinópolis.

A oitiva começou com 15 minutos de atraso devido a problemas técnicos. Geraldo abriu o depoimento afirmando não vinculo de amizade com Galileu. Disse ser jornalista e apresentou documento comprovando. Já em relação a Marreco, afirmou conhece-lo de militância política e informante em atuação a denúncias contra prefeitos.

Ao ser perguntado pelo relator da CPI, Renato Ferreira, o motivo pelo qual não queria que Marreco denunciasse os irregularidades na Tribuna Livre da Câmara, Geraldo respondeu que isso foi feito em questões humanitárias com o objetivo de proteger o denunciante, devido aos problemas de saúde. 

Sobre os áudios investigados, Passos falou que Marreco foi o primeiro a entrar em contato com ele e disse que tem um áudio ainda não divulgado, que está nas mãos do Ministério Público. Na ligação inicial, Geraldo relatou que Marcelo ligou para ele com o objetivo de saber uma informação jornalística sobre um ex secretário, que não foi revelado pelo jornalista.

Edson Souza (MDB), irá protocolar um requerimento para obter acesso ao áudio inédito, que segundo Passos, não passou por motivos de ética e que jamais acreditaria que Marcelo Máximo teria tido a atitude de gravar as ligações, quebrando a confiança dele.

“A gravação inicial foi do Marreco para mim, como um jornalista. Ele queria uma informação jornalística de um teaser, que normalmente eu faço, que poderia acontecer e a partir dali é que desenvolveu todo o desenrolar que culminou nessa CPI. Já nas gravações futuras, foram eu ligando para ele”, disse Passos.

Geraldo Passos também confirmou que chamou a secretária de administração, Raquel Oliveira, para ir à casa de Marreco, com o objetivo de acalmá-lo em relação às denúncias, mas negou que tenha entregue a minuta de decreto de nomeação pessoalmente. O blogueiro afirmou que ele recebeu por WhatsApp no dia 25 de abril, após Marcelo ter solicitado o documento no dia anterior. Sobre de quem teria recebido o ofício, o jornalista não revelou.

“Esse decreto chegou em minhas mãos por fontes e como jornalista, constitucionalmente, disse para eles que me reservo ao direito de não revelar essa fonte”, disse Geraldo Passos.

Foco

A CPI começou com 15 minutos de atraso por problemas técnicos (Foto: Divulgação)

Geraldo declarou que alguns termos ditos nas ligações foram feitos por força de expressão e que ele não tem o poder de nomear ou exonerar alguém. Sobre a esposa do jornalista, Sandra Passos, a qual trabalha no marketing da Prefeitura, Geraldo relatou que ela está lá por competência e porque o prefeito, Galileu Machado (MDB) gostou do currículo dela. Além disso, ele falou que já ajudou muitas pessoas em questões de empregos, mas sim por indicações e envios de currículos.

“Não sou servidor público, não tenho a caneta na mão. O máximo que posso fazer, que é normal e convencional e até talvez vocês (imprensa) façam, é querer ajudar alguém, encaminhar algum currículo. O final de tudo está na caneta, ela que desonera, que nomeia, então estou tranquilo sobre isso (…) Estou a disposição, não só da CPI, como da Justiça, ressaltando que eu não sou da iniciativa pública e sim da privada”, disse Passos.

Próximos passos

Desde o início da CPI, com a instauração em 18 de maio, seis pessoas já foram ouvidas até aqui. Além de Geraldo Passos, já prestaram depoimentos Marcelo Marreco, Dr. Delano (MDB), o procurador do município, Wendel Santos, o ambientalista Jairo Gomes e o prefeito Galileu Machado.

Segundo o presidente, Ademir Silva, o jornalista trouxe contribuições relevantes para as investigações.

“Vamos nos reunir na comissão, para que a gente possa fazer um relatório inicial para darmos andamento nesta CPI. Ouvimos a parte do Executivo e estamos agora caminhando para as próximas pessoas que foram citadas nos áudios e acredito que, se possível, faremos algumas acariações para ver quem está falando a verdade” concluiu Ademir.

Além disso, Edson Souza também irá protocolar novos requerimentos para que sejam ouvidos José Nilton Teodoro, diretor da secretaria de meio ambiente e o presidente da Câmara Municipal, vereador Adair Otaviano (MDB).