Rodrigo Dias

A partir desta semana, centenas de milhares de crianças retomam ou iniciam seus estudos. Algumas com medo, porque encaram a escola pela primeira vez. Em contrapartida, existem outras que demonstram grande entusiasmo em rever os colegas e a sala de aula.

Há pais zelosos que capricham no material dos filhos, e se entusiasmam junto com eles com a volta às aulas. Mas há, também, pais agoniados que não viam a hora de as aulas começarem, para ter um pouco mais de paz e sossego dentro de casa. Restituir o que foi quebrado pelas férias escolares.

Pais assim não entendem o verdadeiro papel da escola e acreditam que elas existem para educar seu filho. O engano está aí. Escola instrui. É templo em que se repassa e compartilha conhecimento. Já a educação cabe aos pais. Ela vem do berço.

Apresentar e desenvolver valores morais e contribuir para a formação do caráter de um futuro cidadão cabe a quem concebeu ou cria essas crianças. Querer que a escola eduque as crianças é transferir uma competência que é dos pais.

Há, ainda, os menos desavisados que transferem a educação dos seus filhos a terceiros e, porque não, à boa e velha TV, que deveria ser dosada para os pequenos. A produção televisiva e de internet, voltada para esse público, é recheada de mensagens subliminares que incidem diretamente no comportamento da criança.

Conversava a este respeito com uma amiga, que é mãe de uma garotinha de quatro anos e ainda é professora numa cidade no sul de Minas. Hoje, dizia ela, os apelos são muito sutis. O bom e o mau retratados em alguns desenhos animados e séries de TV estão sempre muito próximos. O feio e o belo também e isso confunde a criança, que pode entender que estes “mundos” são uma coisa só e, assim, correr o risco de fazer uma opção errada de valores.

Ela alerta que algumas produções pregam ideologias e levantam bandeiras que a criança em formação ainda não está apta a julgar, e tão pouco entender, mas acaba reproduzindo um padrão de comportamento consumido nesses produtos televisivos.

É bem verdade que a informação tem que ser plural, e o que é diferente deve ter seu espaço garantido de expressão. Mas tudo no seu tempo, ou melhor, no tempo da compreensão dos pequenos. Sugestionar a formação do caráter de uma criança com uma informação indevida e inadequada é um crime, que deveria ser mais bem observado pelas autoridades que zelam pela proteção às crianças e, principalmente, pelos pais.

As mensagens subliminares contidas na TV e internet, que são voltadas a este público, ganham caráter lúdico e se desencadeiam numa série de outros produtos, como brinquedos temáticos e até material escolar, que também são oferecidos às crianças e reforçam um determinado padrão de comportamento. Uma armadilha silenciosa escondida em cores, formatos, nomes e expressões aparentemente inofensivas; mas que denotam outros interesses por trás deles.

Quem educa oferece a formação para vida no tempo certo e, desta forma, a criança, no futuro, é capaz de fazer suas opções de forma sadia. Quem instrui fornece conhecimento e ferramentas que são decisivas nesta tomada de decisão.

Todos com o seu papel e não há como fugir deles.