Começou como uma brincadeira entre pai e filho. Cinco anos depois, cerca de 150 crianças se reúnem de 15 em 15 dias para se aventurarem nos carrinhos de rolimã. A diversão é no bairro Lagoa Parque, em uma região carente de Divinópolis. O personagem principal desta história é o eletricista, Willian Fonseca, conhecido como Will Gti.
Foi a partir da vontade de transferir de pai para filho brincadeiras que vão além de vídeo games e computadores que o eletricista resolveu construir um carrinho. Will aproveitou o asfaltamento de um loteamento na saída da cidade em 2011, sentido Carmo do Cajuru, pegou o filho, na época com quatro anos, para se divertirem juntos. Os morros se transformaram em rampas.
“Queria passar para meu filho as brincadeiras de quando eu era criança. Hoje estou com outra filha de três anos e também já estou levando ela, para que não fiquem apenas atrás de um vídeo game”, contou.
A história foi se espalhando entre amigos e quando piscou os olhos mais de 150 pessoas, a maioria crianças, estavam se reunindo aos domingos para brincarem. O eletricista precisou construir mais carrinhos. Hoje são 63 rolimãs, além de outros levados pelos pais de outras crianças. A brincadeira se transformou em um piloto para o nascimento de um projeto.
“Não considero um projeto, mas um encontro, uma brincadeira”, afirma.
Competições
Essa brincadeira já aguçou a curiosidade de gente de outras cidades. Um dos contatos veio do Paraná. Will foi convidado a participar de um campeonato de rolimã.
“Estou amadurecendo a ideia. Costumo ir me encontrar com um grupo em Belo Horizonte, mas ainda não participamos de competições”, relata.
O eletricista até ia se arriscar junto com os pequenos em Belo Horizonte, mas a competição agendada para agosto foi desmarcada por causa das Olimpíadas. Outra será promovida em Poços de Caldas.
“Queríamos até ir, mas falta dinheiro”, completou.
Com a dimensão que a brincadeira tomou, ele já está amadurecendo a ideia de correr atrás de incentivos.
“Esse pessoal que já trabalha com competições me
falou para fazer uma aqui em Divinópolis. Este ano é complicado correr atrás disso por causa das eleições, mas no ano que vem pretendo buscar patrocínio, ir na prefeitura”, afirma.
Social
As competições são apenas reflexo de uma iniciativa com gostinho de “travessura de criança”. Mas, muito além de brincadeiras, o trabalho de Will é um agente transformador da sociedade.
“Enquanto essas crianças estão conosco, brincando e sendo crianças, elas não estão na rua sendo marginalizadas”, concluiu.