Imagine que os políticos que você elegeu em 2024, candidatam-se em 2026 e elegem-se. Como você se sentiria se a Câmara ou a Prefeitura fosse ocupada por pessoas não eleitas pela maioria do povo?
Pois bem, passado o clima de vitória das eleições, do calor da posse, agora é hora de muito trabalho em prol da população. E nós desejamos, do nosso coração, que os mandatários sejam muito bem sucedidos nessa missão.
No entanto, o que nos preocupa é a forma com que alguns políticos já tomam posse: mal se sentam na cadeira e já estão pensando no próximo pleito, querem alçar voos maiores.
E é nisso que queremos fazer você pensar, caro leitor e cara leitora: caso o seu candidato a vereador abandone o mandato para seguir outro, você sabe quem seria o suplente dele? Você teria confiança nessa pessoa para defender o que você confiou naquele candidato? Percebe como isso prejudica a democracia e faz parecer que tudo é apenas um jogo de poder?
O filósofo europeu Rosseau, lá no século XVIII, já dizia que, na política, nós devemos renunciar às nossas vontades individuais para servir à maioria, o que é chamado de contrato social. Pois bem! Se um candidato foi até o seu bairro, entrou na sua casa, passou confiança a você e sua família e prometeu fazer tudo diferente, ele não está fazendo um contrato com você? Ao abandonar o mandato para concorrer a outro cargo, não haveria uma quebra de contrato e de confiança?
Nós consideramos que isso é uma falha grande do nosso próprio sistema eleitoral. Como temos eleições alternadas a cada dois anos, os políticos podem ficar “pulando de galho em galho” e aproveitando-se da sua confiança. Pior ainda: apenas o chefe do Poder Executivo (prefeito, governador e presidente) tem que renunciar para disputar outro mandato. Os vereadores, deputados e senadores podem concorrer a outro cargo, pegar uma licença e, se não forem eleitos, continuam com a vida normal. É o famoso “nada a perder”. Se o Brasil tivesse eleições juntas a cada quatro anos, ou seja, todos os políticos fossem eleitos no mesmo ano, isso, certamente, não ocorreria.
Por isso, nós estamos lançando um manifesto em favor de que os recém-eleitos terminem seus mandatos. Iremos a cada gabinete, pedindo que assinem um termo de compromisso com seus eleitores, de lealdade, respeito e, acima de tudo, compromisso. Além disso, estamos empenhados em rodar essa cidade e colher assinaturas, fazer um grande abaixo-assinado por essa causa: #MandatoAtéOFim.
O atual prefeito teve 83.298 votos e os vereadores empossados, juntos, tiveram 39.383. É justo que tantas pessoas depositem confiança nesses candidatos e, simplesmente, daqui a um ano, todos já se esqueçam desse voto de confiança?
Acreditamos que, antes do Natal, as peças desse tabuleiro já estarão se movendo, mas nós não aceitaremos isso. Se os políticos são empregados do povo, nós vamos pedir ao seu patrão, o povo, que os faça cumprir o mandato até 31 de dezembro de 2028.
*Laiz Soares escreve semanalmente neste espaço.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do PORTAL GERAIS.
*Laiz Soares
Presidente do PSD Mulher de Minas Gerais
Ex-candidata a prefeita de Divinópolis
*Vitor Henrique Rodrigues
Tesoureiro Nacional da Juventude Trabalhista | PDT
Graduando em Ciências Contábeis