Rodrigo Dias

É óbvio que somos especiais e que toda pessoa é única. Toda vida é importante, sagrada. Dentro do contexto social, cada ser tem a sua relevância. Conta a sua história e contribui por escrever a história do todo.

Necessariamente, fazer história não quer dizer fazer algo marcante, original. Fazer história é viver seu tempo. Solver e produzir aquilo que é necessário. Ter uma vida simples não significa ser um “ser” menor ou desinteressante.

A simplicidade, na sua pureza, guarda uma sofisticação filosofal. É repleta de significados e raramente se curva a ignorância e prepotência humana. Ser simples é se abster de predicativos sem importância e que no fim, só pesam.

Mas ser simples anda meio fora de moda. O bom mesmo é ser relevante ou, ao menos, parecer ser. Há uma necessidade quase patológica em querer ser notado. Não passar despercebido é existir.

Para ser relevante, por exemplo, não é necessário ter conteúdo. Basta falar alto ou apenas cercear ou ridicularizar a fala de outro. Opinar sem tem certeza. Questionar a razão.

Nesta ilusão muitos sobrevivem e se dão bem numa sociedade cada vez mais carente de valores. Estes seres nos governam, nos instruem, geram conteúdos tortos e formam nossa opinião.

Eles estão aí em profusão, encobertando a razão. Ignorantes contam com a nossa fragilidade de opinião. Quando tudo ou quase tudo é de faz de conta, a realidade é uma fantasia.

Seres fracos não podem ser os simples. Esses são os arrogantes. Prepotentes que subestimam a inteligência alheia. Enquanto nos submetermos a viver neste faz de conta, pouca coisa muda.

A todo o momento são criados sentidos e valores para condicionar o indivíduo que roubam ou inferiorizam a pureza da simplicidade. Para este sistema, vale mais quem é menos.

Condicionam um padrão de comportamento, tudo para estabelecer o controle. O acaso é algo raro. As ações estão calculadas e não ocorrem a troco de nada. Tem o seu motivo de ser.

Para a sociedade da aparência quem é simples é nada. Não soma e nem engana. O bom, pensam, é fazer barulho.

Quanto mais alto melhor. Assim, fica mais fácil encobertar a fragilidade dessa sociedade medíocre que anda em farrapos.