O Brasil não é para amadores. O país é rico, multicultural, tem terra boa; mas não é para os fracos. O Brasil não é homogêneo. Aqui tudo acontece ao mesmo tempo, numa confusão e convulsão que impacta a todos.

Ultimamente o Brasil está longe de ser um lugar tranquilo. Dia após dia, rotina não existe. Sei lá, parece que esse tempo estranho: de apreensão, de tensão e intolerância deixa tudo mais pesado. E de alguma forma cria uma atmosfera tão negativa que o pior sempre parece acontecer.

A semana passada exemplifica bem o que tento dizer aqui. Foram tantos e tão pesados os acontecimentos que fica difícil enumerar.

Enquanto o país ainda chorava o massacre, impensado e injustificável, que resultou na morte de uma professora, uma agente de educação e de três crianças menores de dois anos na pequena Saudades, cidade de Santa Catarina, a polícia do Rio de Janeiro invade a comunidade do Jacarezinho numa ação letal, para os dois lados, que terminou com 28 mortos e várias pessoas na mira dos tiros sem saber o que estava acontecendo. Correndo, portanto, risco de morte. Se o crime é organizado, esse tipo de operação policial demonstra não ser. Daí as críticas dentro e fora do Brasil.

Se não bastasse esse caos, a situação é polarizada e politizada nas redes sociais. Na briga das narrativas, a razão vai se perdendo. Mas o engraçado é que quem se julgava ser diferente acaba fazendo mais do mesmo.

O resultado é que começam a chegar as informações do já denominado “Bolsolão”. Um esquema que o governo federal teria criado para beneficiar uns políticos chegados, em troca de apoio no Congresso, e que teria movimentado TRÊS BILHÕES DE REAIS.

Outro fato que marcou a última semana foi os embates na CPI da Pandemia, no Senado Federal. O que começa a ficar claro, para a surpresa de ninguém, é que o governo federal teria apostado na tese da imunidade de rebanho, desvalorizado a vacina e supervalorizado o tratamento precoce, via cloroquina, que não é eficaz para Covid-19.

E como desgraça pouca é bobagem teve, ainda, fala do presidente ameaçando editar decreto federal que proibiria a adoção de medidas restritivas, por parte de estados e municípios, como forma de controlar a pandemia. O presidente ainda desafiou alguém de impedi-lo.

Nessa briga com o que é lógico e de bom senso – e agradando sua base – o presidente fez outra declaração insinuando que o coronavírus faria parte de uma guerra biológica. Como tudo que é dito tem consequência, já tem gente defendendo que faltarão vacinas e insumos. Isso porque tudo vem da China e o país anda de saco cheio com a falta de diplomacia tupiniquim.

Depois da fala e da ameaça, numa inauguração, o presidente deu um rolê de moto, sem capacete e sem máscara.

O país está cansado e inflamado. O povo quer que a situação melhore para ter um pouco de tranquilidade. Sem incendiário para tocar fogo na fogueira. Se rir é uma forma de resistência, como bem disse Paulo Gustavo, a serenidade também é. É ela, a serenidade, o primeiro exercício a ser feito para quem quer sair desse caos.

Que as próximas semanas sejam mais leves e de boas notícias. Se tem uma coisa em que o brasileiro também é bom, é se reinventar em meio às dificuldades.

Amanhã há de ser outro dia.