Um depoente negou ter feito pagamento a Kaboja para aprovação de projeto e disse ter aceitado a delação por orientação do advogado; Outros três confirmaram
Nenhum dos cinco empresários ouvidos na oitiva desta quarta-feira (31/1) citou o nome do vereador de Divinópolis Eduardo Print Júnior (PSDB) em esquema de propina. Eles foram ouvidos pela comissão que analisa o pedido de cassação contra os parlamentares. Três confirmaram ter repassado dinheiro a Rodrigo Kaboja (PSD) para aprovar projetos de alteração de zoneamento.
Kaboja e Print Júnior estão afastados judicialmente, acusados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) de corrupção passiva em desdobramento da operação Gola Alva. O primeiro também pode responder por lavagem de capitais.
Douglas José Prado Athayde Vieira confirmou que pagou R$ 20 mil a Kaboja para a alteração de zoneamento. Já Hamilton Antônio de Oliveira confessou ter repassado R$ 10 mil. Eduardo Costa Amaral admitiu que o vereador teria cobrado R$ 15 mil. Ele disse ter pago R$ 2 mil adiantado. Contudo, arrependeu-se, e no dia seguinte pegou o dinheiro de volta.
Já o também empresário Adriano Cunha negou, então, ter pago qualquer dinheiro a Kaboja. Em seguida, afirmou que o vereador pediu apenas R$ 2 mil para ajudar em um calçamento em Santo Antônio dos Campos, conhecido como Ermida.
Classificando como “legítimo” o pedido, contou que, mesmo após a aprovação do projeto, o parlamentar não o procurou e, por isso, não repassou o dinheiro. Sobre um áudio em que ele aparece conversando com Nicácio Diegues Júnior falando de pagamento ao vereador, ele disse que se tratava de uma brincadeira e que havia bebido vinho.
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Delação
O empresário também revelou ter aceitado a delação proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por orientação do advogado. “Para ter paz”, afirmou em oitiva. Contudo, Cunha disse ter dado o mesmo depoimento ao órgão.
A comissão ouviu por último o empresário José de Oliveira Santana, também conhecido como Zezé da Loteria. Ele teria recebido um PIX de Kaboja. O empresário negou que a lotérica tenha sido usada para lavagem de dinheiro. Disse que o vereador tinha o hábito de transferir o dinheiro para a conta da empresa para pagamento de contas e jogos.
Disse que não tem conhecimento sobre quem fazia essas transferências para Kaboja. Ele identificava o recebimento do dinheiro apenas pelo valor, após ligação do parlamentar informando.
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O que dizem os advogados:
Os advogados dos dois vereadores participaram das oitivas. A advogada de Print Júnior disse que não tinha autorização para comentar.
Já o advogado de Kaboja, Daniel Cortez tratou como prematuro o pedido de cassação do mandato, uma vez que a Justiça ainda nem mesmo aceitou a denúncia proposta pelo Ministério Público. Disse também que, embora os empresários declarem o pagamento de propina, nenhum apresentou provas.
Próximo depoimento
Os depoimentos têm sequência nesta segunda-feira (5/2) para a oitiva do prefeito de Divinópolis Gleidson Gontijo de Azevedo, às 08h30. A denúncia que resultou na operação Gola Alva partiu do prefeito a partir de gravações.
O presidente da comissão, o vereador Ney Burguer (PSB) diz que a previsão é concluir o relatório dentro dos 90 dias.
“A comissão não parou desde que começou e, se Deus quiser, vamos entregar o relatório nos 90 dias”, enfatizou.
Outros empresários ainda serão ouvidos, assim como os vereadores envolvidos. Ao todo, a comissão vai realizar 21 oitivas.